A teoria keynesiana indica que o investimento gera poupança. A economia política clássica o inverso. O investimento existirá após a geração de poupança. É um dilema que motiva estudos em macroeconomia e me incentivou a escrever este artigo ligando a temas atuais da realidade brasileira.
Imagine a seguinte questão: você abrirá uma empresa e não tem recursos disponíveis no presente, o que você faz? Se sua resposta foi empréstimo, então você é um keynesiano. Agora, se você acredita que deverá poupar primeiro no presente para no futuro, após prover dos recursos e, em fim, iniciar o processo de investimento, estará inclinado a ser um liberal, assim como eu. Esta foi à forma didática que encontrei para ir direto ao ponto.
Vamos ao que interessa. Olhando pela ótica anterior, o estado brasileiro é liberal ou keynesiano? Com certeza keynesiano. Portanto, para aumentar o nível de poupança doméstica, o Brasil amplia o investimento com recursos que não possui, elevando seu déficit. De onde então o Brasil os recolhe? Do balanço de pagamento, ampliando o crédito externo. Assim, aumentar-se-á o déficit em transações correntes para investir, analógico ao cidadão que recorre a dívidas para alavancar patrimônio.
Assim sendo, existe um preço a se pagar e qual será? A taxa de juros. Para os keynesianos brasileiros abaixá-la jamais! Isto comprometerá os acordos realizados com o resto do mundo. O investidor externo tem que ter garantias reais de que o seu dinheiro será bem empregado e a atratividade vem da rentabilidade de uma taxa de juros alta, que em contrapartida inibe o investimento e a geração de poupança doméstica, dificultando para os agentes econômicos residentes no Brasil, ou seja, os brasileiros, a geração de poupança e a elevação de novos negócios nacional que geram oportunidades de emprego e renda. O custo da moeda doméstica estará elevado e não há incentivos para a produção doméstica, importando os bens comerciáveis do resto do mundo.
Vivemos atualmente no Brasil uma valorização cambial e aumentos excessivos nos gastos do estado, gerando déficits gêmeos. Não temos poupança e pagaremos uma conta alta.
Pense racionalmente se o Brasil está preparado para oferecer ao mundo a copa e as olimpíadas? Todo o investimento que será gerado para esses dois eventos estará no orçamento geral da união, dos estados e dos municípios, ou seja, dinheiro público provenientes de impostos. A iniciativa privada entrará com as mesmas cabeças de sempre, quais são: OAS, Odebrecht, Camargo Correa, etc. Participando de um processo licitatório burocrático e que existirão facilidades, devido ao comprometimento dos principais presidenciáveis que recebem recursos de campanha eleitoral para assumir um projeto de poder. Não há competitividade porque o governo não deixa e os vencedores são conhecidos.
Não vejo em um horizonte de curto prazo a redução de impostos ou diminuição da taxa de juros, ainda na política econômica que existe atualmente de metas de inflação, que recorre à elevação da taxa a qualquer expiro inflacionário por mínimo que seja. A renda do brasileiro cresce ao nível do crédito bancário, cujas taxas estão excessivamente altas. O brasileiro se endivida mais a cada dia, pois não consegue gerar poupanças que ampliem seu patrimônio, a não ser por recorrência de empréstimos.
O que fazer então? Incentivar a geração de micro e pequenas empresas com: 1) incentivos fiscais sistêmicos por intermédio de metas de desenvolvimento e geração de novos negócios; 2) reduzir a burocracia no reconhecimento de patentes, com a diminuição do tempo de apreciação do processo, hoje sobrecarregada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e indexada a altas taxas de reconhecimento de marca; 3) e ampliar o acesso da sociedade em instituições geradoras de conhecimento intelectual e de tecnologia.
Não vejo nos principais candidatos à Presidência da República políticas voltadas ao desenvolvimento nacional estrutural e sim a medidas paliativas que maquiam a geração de emprego e renda. O programa Bolsa Família é uma política de primeira necessidade, mas não estruturante, que estigmatize na sociedade o progresso e o reconhecimento de uma economia forte e pujante.
Para tornamos realmente um país desenvolvimento, o Brasil precisa aposentar os keynesianos, mudar a ótica da política econômica, visando de fato um setor produtivo mais forte e não apenas as grandes empresas que recorrem a empréstimos com taxas subsidiadas ao BNDES.
Por fim, façam suas escolhas. Se quiseres continuar com um desenvolvimento maquiado mantenha o que está. Mas você tem outra opção. Busque uma nova agenda economia que de fato inclua os ideais liberais como uma nova alternativa de desenvolvimento, progresso e crescimento. Não fique reticente em sua escolha, os Estados Unidos da América optou pelo liberalismo e se tornou sonho de consumo de muitos brasileiros. Mas, lembro-te que não temos nos principais candidatos ao executivo nacional um projeto que nos leve para essa agenda. Assim sendo, aposentam os liberais antes mesmos que eles assumam.