terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Por que lhe tratam assim?

- Quem lhe está tratando assim? Por que está assim tão deprimida?

Assim falou Asco, autoridade governamental, ao perguntar para ela porque sofria de depressão sendo que todos fazem medidas para lhe salvar dessa tristeza profunda.

- É você e seus amigos que não entendem nada do que passo com esses remédios que continuam colocando-me para tomar.

Eram 23h00 de uma quarta-feira de outubro do ano de 2008 e a Economia não entendia porque se sentia tão vazia. Várias pessoas lhe diziam que ela estava bem porque muitas pessoas saíram da linha da pobreza, em curto prazo, mas que ela reagia mal àquela medida, elevando os preços de tudo, dissipando um efeito colateral doloroso para todos.

- Você não deve fazer isso com a gente! – afirmou Asco à Economia – dependemos da sua saúde para atingir a verdadeira questão social, melhorando o bem-estar de todos.

- Mas como? – disse a Economia – fazendo acordos espúrios com pessoas de pouca índole, mau caráter e sem escrúpulos? Salvando empresas, ao acionar o banco que vocês vendem como sendo do povo, mas que servem para salvar alguns “bem” intencionados empresários que buscam se salvarem com promessas de se tornarem “campeões” nacionais, reduzindo minha produtividade efetiva, reduzindo ainda mais o meu produto e forçando-me a pagar salários cada vez mais altos, que não considero uma medida ruim, mas tenho que ser produtiva para garantir a renda dos trabalhadores e não tenho capacidade sustentável para isso? Todos esses discursos que dizem são bonitos, mas será se eu agüentarei por muito tempo os remédios que vocês me dão? Eu preciso descansar e realmente operar em equilíbrio, naquilo que sei fazer de melhor... Livre-me desse mal, por favor, é o melhor que você e seus amigos podem fazer por mim nesse momento.

A Economia falava mansa. Seu olhar estava tão singelo e simples. Asco a observava com um olhar sem entender o motivo dela se encontrar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e sugeriu aos seus auxiliares, quer dizer, “enfermeiros da saúde econômica do governo” para aumentar a dose do antibiótico que levará na veia para suportar as feridas, que eles acreditam que seu autoflagelo fora proposital.

- Os empresários maus intencionados lhe deixaram assim. – disse Asco – Os lucros deles atrapalham a ordem pública. Temos que canalizar esses recursos aos trabalhadores, pois eles são os verdadeiros credores dos lucros que são destinados aos empresários, já que esses últimos praticam mais valia.

- Mas os empresários que mais ganham nesse sistema são os seus amigos! – disse a Economia a Asco.

- Sim, mas meus amigos podem porque eles ajudam o social. Eles não buscam o lucro para se locupletar. Eles pensam na questão social, pensam no pobre.

- Mesmo que ofertem produtos de péssima qualidade? Mesmo com sucessivos apagões aéreos, transporte público que não funciona e passagens caras para se deslocar em localidades próximas? Ruas precárias, cidades sem ordenamento nenhum, dentre outros malefícios que fazem. Acha bonito isso, Asco?

- Você está equivocada. Não sei onde pretende chegar. Muita gente aprova o que fazemos.

A Economia então lhe disse:

- Continue a dose, mas depois não me puna se eu não responder mais aos designo no qual sou destinada a fazer. A forma como vocês estão me praticando e me usando, uma hora eu vou estourar. Ou terei um ataque cardíaco, ou alguém sofrerá muito para me manter viva. Que não seja o pobre, é o que peço. Por favor, Asco, eu sei que você tem autoridade suficiente para sair de minha vida. Vocês mais atrapalham do que ajudam. Deixe-me organizar as relações sociais com produção, liberdade, eficiência e caráter. As relações de equilíbrio devem existir e conto com você para me deixar ser feliz.

Depois dessa conversa Asco se achou muito mais importante que a Economia. Saiu da UTI e recomendou ao governo aumentar o antibiótico e disse ainda que a Economia está esquizofrênica, aumentando a dosagem do controle.

Depois desse dia, a Economia não responde mais com precisão as doses governamentais. Eleva os preços, quando a ordem é abaixar; aumenta os impostos, quando é necessário reduzir; pretende valorizar a moeda doméstica, que é uma medida de riqueza residente, contrariando o governo que quer ajudar seus amiguinhos. E, diante desse diagnóstico, Asco informou em rede nacional que a Economia irá vingar e se salvará do coma que dura há mais de dois anos. Agora é sentar e esperar pra ver no que vai dá!

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