terça-feira, 30 de agosto de 2011

Como montar um mix e buscar resultados mais estáveis para o crescimento econômico


Todos especialistas econômicos indicam que a economia brasileira passa por um processo de desaceleração. Isto é bom ou ruim? Depende da visão e da crença do analista. Para muitos é ruim porque a economia não avança, para uma corrente menor, no qual eu faço parte, é hora de pensar racionalmente e perceber a sinalização real que a economia indica.

Vamos analisar sobre a perspectiva de uma política fiscal que pretende reduzir juros em curto prazo e objetivar um melhor resultado para o crescimento econômico em longo prazo ao responder a seguinte pergunta: como reduzir a taxa de juros? Parece simples, mas como economia não é uma ciência exata, a solução encontra muitas variáveis e que nem sempre são as melhores respostas.

Uma das variáveis que influenciam o crescimento do produto é o consumo privado e público. A propensão a consumir, quando alta, reduz a propensão a poupar. Dessa forma, o somatório entre poupar e consumir é igual à renda. Por exemplo: a propensão a consumir é de 90%. Como a renda é 100% do que a pessoa possui a propensão a poupar será de 10%.

O que percebemos na economia brasileira atual? O índice de inadimplência calculado pela Serasa Experian elevou em 4,5% para empresas, fora a elevação do índice das famílias. A informação dessa estatística é que o consumo está acima da renda, ou seja, 100% da renda e um pouco mais é propensão do consumo, extraindo dessa informação que a propensão a poupar é negativa. Sendo assim, a economia não gera poupança que será revestida para investimento. Logo o crescimento em longo prazo fica comprometido.

Uma forma de elevar a poupança e incentivar os agentes econômicos domésticos a poupar é reduzindo o consumo em curto prazo. Mas como fazê-lo? É complicada a resposta, mas tem um agente que não compreende o bê-á-bá da economia e mantém a roda girando como se isso resolvesse o problema. Esse agente é o governo!

Quais são as medidas que indico para melhorar o perfil econômico em médio e longo prazo? Primeiro eu indico a redução dos dispêndios públicos e privados. Neste caso, precisamos mirar nas famílias. Aqui o problema é bem complexo, pois muda muitas estruturas familiares e perfis culturais. Mas é uma dica. O dispêndio público tão repetido na imprensa e por vários analistas necessitam de redução, mas onde? Precisamos pensar mais racional do que emocional. Os únicos gastos que exploram a economia do governo são os de custeio voltados a projetos sociais e compromissos permanentes, como salários do funcionalismo. É complicado cortar por cortar. Parte daí o paradigma que o governo tem de cortar gastos públicos que em sua maioria são de investimentos.

Assumindo o mix de reduzir o consumo, a economia realmente desacelerará e muitos empregos, principalmente do varejo, perderão fôlego e o nível de desemprego de último estágio reduzirá. Mas vamos com cautela. Se cair o emprego no setor varejista, aumentará os empregos do primeiro estágio da economia (extração, industrialização, manufaturas, etc.), que são atividades de respostas mais duradouras e no médio prazo recuperará a economia e os empregos de último estágio (vendas, serviços, etc.) que são perdidos em curto prazo.

A redução da propensão a consumir no curto prazo elevará a propensão a poupar, reduzindo assim a taxas de juros de curto prazo e o nível de investimento elevam os empregos de primeiro estágio, adquirindo novas atividades na cadeia produtiva, como os empregos intermediários, que faz a circulação dos bens. O aumento da poupança será consumido no médio e longo prazo.

O que acontece atualmente é o exposto. Com uma política monetária expansionista e uma política fiscal de elevação de gastos e propensão a consumir elevada, o dinheiro que entra na economia é confundido como poupança e aumenta o poder dos especuladores, que tem como incentivos a geração de riqueza no curto prazo. A economia então se desorganiza e o nível de investimento é comprometido. Os empregos? Esses poderão ter problemas estruturais, já que as contabilidades das empresas não dão mostras de bons desempenhos, pois muito capital de terceiros entram especulados, fazendo da economia um cassino.

A regra para reduzir os juros é elevar a poupança privada e pública por meios de incentivos de redução da propensão a consumir em curto prazo. Creio que é mais fácil uma disciplina do governo do que orientar todas as famílias brasileiras sobre a definição de poupança e esperar bons resultados quando a nossa cultura nos leva ao consumo imediato. Isto provoca distúrbios nas taxas do spread bancário, cheque especial e nas taxas dos cartões de créditos porque provoca uma corrida para o consumo sem renda e os preços desses ativos bancários aumentam com a demanda elevada. É complicado, mas assim vive a economia brasileira!

domingo, 28 de agosto de 2011

A economia dos flanelinhas

Qual o custo de oportunidade em ser um flanelinha? A profissão não exige capacitação, nem tem patrão e inexiste a formalidade e tudo que entra de recursos é isento de custos, ou eles são baixos que não merecem cálculos e preocupações consideráveis. O motivo da existência de flanelinhas está na formação de um contrato informal e sem cláusulas, diluído de custos para o flanelinha caso a parte lesada, ou seja, o dono do veículo sofra com a péssima qualidade do serviço conjugado com a garantia de um lucro de 100% a cada dinheiro recebido. Vejamos os motivos.

Quando o cidadão ancora em estacionamento ou passagens públicas ele não tem informação completa sobre o núcleo urbano que ele parou e confia em uma pessoa que ele não conhece a vigia de seu carro, na esperança que essa pessoa possua uma informação privilegiada sobre o local. Existem duas formas de a pessoa reduzir o risco e elevar o grau de confiança em um flanelinha. Primeiro que o carro pode está segurado e que o risco moral recaiu totalmente à seguradora caso o veículo seja furtado; ou que a pessoa assuma o risco, pois não existe alternativa já que muitos estacionamentos públicos são “privatizados” por uma camada extensa de flanelinhas.

O que o cidadão deve fazer? Na verdade tudo na vida é provido por um sistema de preços. Caso o cidadão não queira pagar o ingresso para proteger seu bem, assumirá riscos por isso. Muitas das vezes são os próprios flanelinhas que furtam o interior do veículo ou finge que não ver quem os faz, já que em muitas cidades eles garantem a reserva de estacionamento a quem pagar primeiro em preços estipulados por eles.

O problema é a maioria dos cidadãos não conhecerem que o sistema de preços são baseados em uma demanda por serviços oferecidos, carregados de custos operacionais e impostos, e não acham interessante pagar por ambientes privados, que oferecem serviços de segurança e contratos formais, por considerarem que os preços são elevados.

Quem decide o preço em uma economia de mercado? A conjunção entre demanda e oferta. Se a oferta de vagas for menor do que a quantidade de carros, quem permanecer mais tempo nas vagas pagará um preço maior, já que impediu que outras pessoas pudessem usufruir do espaço. Uma demanda elevada influencia na evolução dos preços. Esses preços elevados incentivam a entrada de novos empreendedores e os preços tenderão a ser reduzidos com a elevação da competitividade. Fora que o serviço oferecido tende a melhoria. Isto é economia de mercado!

O problema é que os nossos representantes públicos querem parecer bonito para a opinião pública e não tem ideias relevantes para votar e aprovam leis sem qualidade e que distorcem a realidade. A Lei Distrital nº 4.624/11 é de um desrespeito ao povo, pois finge olhar para o cidadão o provocando com ideias falsas e sem densidade científica.

Notem que os flanelinhas existem devido a essas leis enviesadas que olham apenas por um prisma e esquecem que isso elevará os custos das apólices de seguros, já que aumentará a oferta de estacionamentos públicos e com isso a oferta de flanelinhas mal intencionados que visam lucros em curto prazo diminuindo a qualidade dos serviços, já que não existem contratos formais entre as partes. Fora que não existirá vagas para todos, já que a procura será grande e não existirá interesse dos estabelecimentos melhorarem a oferta de vagas, reduzindo o bem-estar com o passar do tempo.

Além de tudo que dissertei acima, o governo não perderá tempo para elevar o imposto sobre veículo automotivo (IPVA), cuja justificativa se dará pelo aumento de vagas públicas para o cidadão.

Lembrem-se: leis ruins geram economias ruins. Se não tem dinheiro para pagar o estacionamento, vá de metrô ou ônibus, mas não se iluda com as “boas” intenções dos burocratas do estado.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O que acontece no bloco europeu?

Imagine uma família com o casal mais dois filhos, ou seja, quatro pessoas no mesmo teto. Já é difícil com essas pessoas de mesma cultura chegar a algum denominador comum quando existe uma decisão que determinará o futuro da família, imagine se nessa casa entra o primo bastardo da mulher de seu cunhado e começa a colocar ordens na comida que comes sem o seu consentimento? É isso que está acontecendo na Europa atualmente.

A Alemanha é um país de cultura ortodoxa. O povo alemão é conservador e bastante seguro de suas decisões e cobra de seus representantes a mesma postura de um pai de família que não aceita que seu filho chegue fora do horário estipulado em sua casa. Regras são regras! É um povo que não aceita ser enganado e que não engana para manter o respeito.

Na outra ponta temos países que gostam de uma cerveja a mais, quando o corpo está no limite do álcool. Esses países são mais heterodoxos (não quer ser heterodoxo seja um mal em si, mas a maioria é keynesiana). Quais sejam: Itália, Espanha, Portugal e, principalmente, Grécia. Eu diria que esses países são o primo bastardo do exemplo acima.

Se você aceitar o primo bastardo em sua casa e suas orientações sobre seus costumes, não se arrependa depois de sua escolha. Foi o que aconteceu com a União Européia. Países historicamente mais conservadores com suas finanças aceitaram uma moeda que circularia pela zona do euro com países com problemas fiscais sérios e que recorrem à emissão de títulos públicos para rolar suas dívidas.

Para que serve a moeda? A moeda é utilizada como meio de troca entre bens produzidos na economia real. Ela quem determina o valor dos bens ao preço aceitável pelo mercado e que garante que as trocas sejam efetivas entre os agentes. Logo, sua produção é correspondente a dinâmica real a partir da demanda e oferta de determinada economia.

A partir daí eu insiro na economia uma nova moeda que circulará entre os países membros, cada um a sua característica e costumes. Com certeza teremos um problema real. Esse problema abrange todos os mecanismos reais de uma economia como o mercado de trabalho. Vamos pegar o exemplo da Grécia e da Alemanha para detalhar melhor a análise.

Imagine que os países produzem canetas e competem diretamente nesse mercado em escala global. Vamos analisar em dois tempos essa questão:

1. O primeiro momento não existe o euro como moeda unificadora e que cada país tem em seu banco central o poder de emissão de moedas domésticas;

2. O segundo momento é com a entrada do euro como moeda de circulação entre os países membros e que os bancos centrais dos países membros emitam títulos para rolarem suas dívidas e aumentarem suas reservas em euro.

Vamos agora inserir no exemplo esses dois momentos. Mas antes de comentarmos os resultados, acrescento a produtividade média de cada país: na Grécia para produzir uma caneta um trabalhador leva uma hora, enquanto na Alemanha a mesma caneta é produzida por um quarto do tempo, ou seja, em quinze minutos. O salário de uma hora na Grécia vale duas horas de trabalho na Alemanha. Dessa forma, em uma hora de trabalho a Grécia criou uma caneta, enquanto a Alemanha produziu quatro canetas e o trabalhador grego recebeu duas vezes mais que o trabalhador alemão. Para o alemão receber o mesmo salário que o grego ele deverá trabalhar duas horas, mesmo sendo mais eficiente que o grego.

Agora vamos aos resultados. No primeiro momento percebe-se claramente que a moeda alemã é mais valorizada que a moeda grega, já que o banco central grego precisa emitir mais moedas para responder pela dinâmica da economia real, enquanto na Alemanha o banco central não necessita ligar a máquina muitas vezes para imprimir moeda. Assim sendo, a economia alemã é mais estável que a economia grega, que está última mais suscetível a choques de oferta e inflação monetária.

Transportando essa análise para escala global, perceberemos mais canetas alemãs do que canetas gregas, já que a caneta é uma commodity e seu preço é internacional. Ganhou a Alemanha nesse exemplo com a Grécia.

Agora vamos para o segundo momento. Com a moeda unificada o trabalhador grego deverá aumentar sua produtividade ou aceitar ter uma redução salarial. Para isso, os sindicatos deverão ser mais flexíveis e aceitar a competição com o trabalhador alemão mais eficiente. Outra forma de resolver a questão é com a vantagem comparativa descrita por David Ricardo e os gregos se especializarem em outra profissão em vez de produzirem canetas. Essa é a razão mais racional para aceitar uma moeda em circulação supranacional.

Os gregos aceitaram isso? Lógico que não! A moeda grega não se valorizaria mais devido a impressão de sua moeda em relação à criação de moeda alemã pelos seus bancos centrais. A moeda agora era única. Qual o método utilizado então pelos gregos para adquirir euro acima da produtividade de sua economia real? Emitindo títulos públicos e endividando o governo grego. Os outros países da zona do euro compravam esses títulos e, de quebra, a Grécia incorria em déficits externos para estimular sua economia real.

Com a entrada de euro lastreado por títulos públicos, eleva-se a inflação monetária, já que o dinheiro fácil que entra na economia cria desequilíbrios fiscais e, como a moeda é comum, ela se alastra pelos outros países membros. É como se você estivesse na praia e gostasse de chegar por volta das 10h00 e outra pessoa a utilizasse sempre antes de você, por volta das 08h00. Só que você não sabe que essa pessoa que usa antes de você suja a água toda e esconde os dejetos na areia, sendo que você é totalmente ao contrário. A falta de definição do direito de propriedade faz com o que o bem comum crie ineficiências de mercado.

Estes são alguns dos pontos que a zona do euro está uma verdadeira zona, no sentido literal da palavra. E não culpe a economia de mercado por isso. Como diria a escola austríaca de economia: a razão de vários desequilíbrios econômicos, na maioria das vezes, é causada pelo governo em seu poder de criar moedas.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Privatização da CEB é a solução!

Você, meu amigo morador no Distrito Federal, está satisfeito com os serviços oferecidos pela Companhia Energética de Brasília (CEB)? Você sabia que ela quer aumentar a sua conta de energia sem ter elevado a produtividade ou melhorado os serviços oferecidos? A maioria em uma pesquisa em um blog do Jornal Correio Braziliense (clique aqui para visualizar) afirma que não (a pesquisa conta com um voto meu). Até o momento 94,44% desaprova o reajuste que a CEB propõe na conta de energia do consumidor.

O serviço é precário e só temos funcionários magnatas, cujos salários estão muito acima do preço de mercado, e vários escândalos de corrupção. Se a CEB fosse privada, sua estrutura seria regida pelo mercado, ou seja, preços de salários e serviços de acordo com a lógica de mercado.

Mas privatizar somente não é a solução. Como Furnas é a fornecedora de energia e a CEB é apenas a distribuidora, todos os serviços de distribuição deveria ser conduzido pela iniciativa privada, em livre mercado e em uma estrutura competitiva. Não podemos manter este monopólio na esfera pública e nem privada. Desta forma, várias empresas adquiram o direito de conduzir esses serviços, como ocorre com o setor de telefonia.

Privatização dos serviços da CEB já para várias empresas concorrentes e com foco no bem-estar do consumidor. Eu, você e todos os moradores no Distrito Federal, se for a vontade da maioria, deveremos exigir a privatização da CEB!

O serviço oferecido pela CEB é caro e de péssima qualidade. Uma empresa geradora de desequilíbrios mercadológicos, constituinte de magnatas e focos de corrupção deve ser orientada de outra forma, com lógica na privada, competitiva e de acordo com o mercado.

Somos consumidores e teremos que pensar no que é melhor para gente. Se formos conduzidos pelas nossas escolhas ou determinados por um grupo de pilantras a nos governar e nos orientar no que devemos ser e fazer? Pensemos nisso...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os economistas do governo são uma piada!

Sabe aquela piada do instituto de meteorologia e dos índios? Pois é, os economistas do governo estão parecidos com o instituto de meteorologia. Ficam prevendo o que ocorrerá ao olhar para a Europa e os Estados Unidos. Quer imitá-los até no remédio utilizado, mesmo sabendo que alta dosagem pode levar o paciente ao pior.

Para quem não se lembra da piada, eu reproduzo-a abaixo:

Aproxima-se o inverno.
Os notáveis da tribo vão ao Cacique se esclarecer:
- Grande Chefe, já começamos a catar lenha, mas o inverno este ano será rigoroso ou ameno?
O Cacique, nascido e criado em tempos modernos, não aprendera com seus ancestrais os milenares segredos da Meteorologia. Entretanto, não podia e nem queria demonstrar insegurança.
Olhou para o céu por algum tempo, elevou e estendeu as mãos, sentiu o rumo dos ventos e, em tom sereno, profético e firme anunciou:
- Teremos um inverno muito forte! É bom catar muita lenha!
Na semana seguinte, preocupado com o chute, telefonou para o Serviço Nacional de Meteorologia e ouviu a resposta:
- Sim... O inverno deste ano será muito frio!
Sentiu-se, então, mais aliviado e seguro.
Novamente aconselhou todo seu povo:
- O melhor que se faz é catar muita lenha... O inverno será rigoroso!
Dois dias depois, ligou novamente para o Serviço Nacional de Meteorologia e não deu outra:
- Sim... As evidências apontam este ano como de inverno muito rigoroso!
Dirigiu-se novamente a seu povo:
- Teremos um inverno muito rigoroso. Catem todo pedaço de lenha que encontrarem. Temos que aproveitar até os gravetos.
Na semana seguinte, ainda um pouquinho inseguro, ligou para o Serviço de Meteorologia outra vez:
- Vocês têm certeza de que teremos um inverno tão rigoroso assim, como estão afirmando há dias?
- Sem a menor dúvida! - respondeu o meteorologista de plantão.
- Este ano teremos um frio muito, mas muito intenso mesmo, fora das médias tradicionais...
- E o que leva o homem branco a ter tamanha certeza?
- Meu amigo, este ano os índios estão catando lenha DEMAIS!

Antes que a tempestade chegue, o governo já se utiliza dos métodos keynesianos para turbinar a economia rumo ao dilúvio. O que pode ser uma chuva se tornará uma TEMPESTADE!

 Oh, não! Aquecimento global!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A voz da especialista


Estamos preocupados, mas serenos para enfrentar essa situação como já o fizemos, em 2008.”
...
Os investimentos são fundamentais, inclusive, para enfrentar essas turbulências.”

Qualquer economista sabe que investimento é bom para o progresso, desde que os recursos tenham suportes criados em uma base real, ou seja, constituído de poupança. O Brasil está vivendo de impressão de moeda e inflação alta. Acho que está na hora da ministra rever a teoria econômica.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Acredito que existe o início de uma bolha imobiliária em Brasília

Programa Minha Casa, Minha Vida 1 e 2; financiamento imobiliário provenientes de bancos públicos; valorização de ativos imobiliários nos bairros nobres do plano piloto só com a expectativa criada pelo setor Noroeste. Por causa destas e outras conjunturas, acredito que surge uma bolha imobiliária em Brasília. Mas isso não é tudo, já que não disse nada ainda.

Hoje fiz uma pesquisa minuciosa no portal do WImóveis e encontrei resultados interessantes. Para isso eu considerei em meu estudo apenas apartamentos de 03 quartos. Para montar as variáveis explicativas de minha análise, colhi 198 amostras de seis regiões do Distrito Federal, quais sejam: Águas Claras, Asa Norte, Asa Sul, Samambaia, Sudoeste e Taguatinga. Para cada localidade eu utilizei 33 informações de apartamentos diferentes e anotei os seguintes dados para cada um: i) valor do imóvel; ii) valor do aluguel; e iii) valor do m². Após ter todos os dados eu fiz uma média aritmética dos resultados por região.

A tabela abaixo apresenta os resultados de meus cálculos:



Logo em seguida fiz os cálculos das rentabilidades dos aluguéis pelo preço dos imóveis em cada região para compreender se o investidor tem um ganho real com o bem alugado ou não. Os resultados estão na tabela abaixo:



O que podemos notar dos quadros acima é que a rentabilidade dos bens alugados é menor do que o investimento em poupança e abaixo do índice de inflação oficial IPCA (corrigindo-a para o centro da meta).

Aqui existe um enorme trade off (uma escolha em detrimento de outra) entre alugar o imóvel ou vendo-lo ao preço de mercado. Imagine que eu tenha um apartamento na Asa Sul, conforme as especificações acima, e resolvo vendê-lo e aplicar o recurso em poupança. Ao final de um ano eu receberia em juros com minha aplicação o equivalente a R$ 91.622,00. Ou seja, receberia 2,09 vezes a mais do que eu recebo alugando o imóvel. Desta forma, a minha opção é pela venda. Por que então todos os investidores não fazem o mesmo?

Para responder a questão acima, imagine se todos pensassem ao mesmo tempo em vender seus ativos para aplicar seus recursos na poupança e receber o dobro da diferença que recebe com o imóvel alugado. Os preços dos imóveis se depreciariam muito rápido, pois hoje a demanda é maior do que a oferta de imóveis para venda. Assim sendo, os que estão alugados incorporariam aos que são ofertados para esse fim reduzindo o valor venal e todos sairiam perdendo com o novo preço de mercado. Para o consumidor final seria interessante, mas não para quem se utiliza desse bem como investimento.

Com a oferta de crédito pela Caixa Econômica o preço do imóvel tende a se valorizar, já que a quantidade demandada é maior do que a demanda de equilíbrio e as pessoas tendem então a comprar um apartamento para moradia do que morar de aluguel, sem perceber que essa prática valoriza ainda mais o metro quadrado na venda e, consequentemente, eleva a amortização da dívida por parte do mutuário.

Percebe-se pela tabela que Samambaia é o setor que valoriza o metro quadrado da Asa Norte, o mais valorizado dessa amostra. Ela está justamente na margem e por isso apresenta a maior rentabilidade em relação aos demais, já que é pouco explorada e o boom imobiliário chegou a pouco tempo na cidade.

O sonho da classe média brasiliense, a cidade de Águas Claras, é quem apresenta os piores resultados. Tem a menor rentabilidade em termos de aluguel e o metro quadrado não é muito valorizado na região, intuindo um preço alto aos imóveis pelo tamanho dos apartamentos. A metragem apresentada é a maior entre as localidades pesquisadas (maior do que a Asa Sul que é famosa por apartamentos grandes).

Podemos considerar que a cidade de Águas Claras será a primeira a apresentar uma bolha imobiliária nos próximos anos se continuar nesse ritmo. Ela não tem um projeto urbanístico, apenas vários caixotes de prédios e ainda está sobrevalorizada no mercado, intitulando-se o novo Eldorado brasiliense.

Mas isso só são algumas ideias e análises minhas sobre o mercado imobiliário de Brasília. Não podemos perder o foco que aqui é uma região administrativa do Governo Federal e Local e que servidores públicos têm renda permanente e que podem alavancar diferentemente do setor privado, que tem que pensar em riscos como, por exemplo, demissão. Mas dinheiro tem limite e o Brasil é um país de renda per capita média. Uma hora a grana falta!

Para quem quer investir em imóveis, aconselho a pensar em Samambaia. Ela ainda tem margem para crescimento e terá ainda seus aluguéis reajustados para cima devido a forte demanda por moradia no Distrito Federal.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Política de Metas para Inflação

O que provoca a inflação? Na visão de economia liberal, o estado é propulsor da inflação ao ofertar uma base monetária acima da expectativa entre a oferta e demanda. Na visão da economia keynesiana, a inflação é gerada pelo nível de especulação sobre a moeda e mecanismos de defesas são acionados, como controle sobre capitais para eliminar a origem desse desequilíbrio entre economia real e monetária.

Uma coisa não existe dúvida entre as duas visões. O Banco Central é quem imprime moeda e desta forma o estado é monopolista na criação de dinheiro. Logo ele é o dono da chave do cofre. Se tiver dinheiro demais circulando é porque o cofre foi aberto várias vezes e se este cofre estiver inativo, a economia responderá de acordo com a moeda em circulação, reduzindo os níveis de preços das mercadorias reais.

Para citar um exemplo, imagine um bem que custe hoje na economia R$ 1,00. Outro dado é que esse bem deprecia em 9,7% ao ano. Após cinco anos ele valerá R$ 0,63. A base monetária não foi alterada e o bem é depreciado conforme o tempo. A medida real de valor que este bem adquiriu foi no ato de sua concepção e no momento que ele foi sendo útil para consumo, seja por empresas ou famílias. Esta é a economia real sem moeda que especula sobre os preços reais.

Coloquemos agora no exemplo um Banco Central que emite moedas e, como consequência de seus atos, estipule uma taxa “aceitável” de inflação ao ano em 4,5%. Então, a moeda eleva sua oferta na economia e o bem que custa R$ 1,00 passa a valer, após cinco anos, R$ 1,25. Em outras palavras, em cinco anos o bem teve uma valorização monetária de 25%.

A diferença entre o valor real do bem em cinco anos com o seu valor monetário foi de R$ 0,62. Praticamente o valor de outro bem com a mesma característica, se não a compra do segundo bem idêntico ao primeiro.

Chamaremos o nome do bem de caneta para facilitar nossa análise. Voltemos então ao exemplo: em 2006 essa caneta custa R$ 1,00 e em 2011 o equivalente a R$ 1,25, devido ao aumento da base monetária. Logo, se não existisse o aumento monetário a caneta em 2011 valeria R$ 0,63. A diferença entre o valor monetário e real é o custo de uma nova caneta praticamente, com uma pequena diferença de R$ 0,01. Ou seja, a base monetária eliminou a produtividade marginal da economia na criação de uma nova caneta. Este é um dos motivos porque o consumidor fica mais pobre com a inflação.

A solução para o problema não é simples como inibir a impressão de mais moeda como muitos acreditam ou elevar as formas de controle, como elevação de tributos sobre o capital conduzindo o caminho às portas dos investimentos defendidos pelo estado.

O que o governo não pode fazer é mentir para o consumidor e apresentar um aumento da base monetária em 4,5% ao ano quando sabemos que a caneta (utilizada em nosso exemplo acima) teve uma elevação monetária média de 19,6% ao ano. Em outras palavras, teve uma valorização de 15,10 pontos percentuais acima da meta estipulada para inflação.

Inflação tem duas caras para o governo. A primeira é a má, pois sabe o efeito que gera na popularidade de qualquer governante perante o povo. A segunda é alegre, porque o governo eleva a receita governamental com o imposto inflacionário, melhorando o superávit primário e a política fiscal se torna eficaz em curto prazo. Mas qual a cara do consumidor ao saber que está mais pobre com a política de metas para inflação?

*Este texto foi enviado ao Portal Web Artigos.com para aprovação e publicação.