quarta-feira, 30 de março de 2011

Dois temas, mesma resposta

Duas matérias do Valor Econômico de hoje, 30 de março de 2011, chamaram-me minha atenção. Os assuntos estão destacados nas páginas A4 e A5, cujos títulos são respectivamente: “Petrobrás pode importar mais gasolina se etanol não baixar” e “Ajudar vizinhos ‘não tem preço’, diz Garcia”.

Da primeira questão o tema está bastante esgotado aqui no blog. A Petrobrás, como controladora de preço, determina a quantidade ofertada pelo encontro entre o custo marginal de longo prazo e o custo médio de longo prazo, determinando um preço maior que a receita marginal. Em outras palavras, isto é o monopólio porque receita marginal é igual ao custo marginal e existe devido ao estado brasileiro, que protege da concorrência  devido aos altos custos para ingresso de outras empresas nesse mercado.

Logo, como escrevi no tópico anterior, a Petrobrás importa combustível porque não temos refinarias suficientes que transformem nosso óleo em gasolina e querosene. Desta forma ela importará mais gasolina para pressionar o preço do etanol a diminuir, pois ela não obedece a lógica da oferta e demanda. A matéria trata deste tópico, não com a precisão que eu escrevo, mas com a informação indireta do que pretendo lhe dizer, caro leitor.

A segunda matéria já reporta a “sabedoria” do Assessor Especial da Presidência da República, ex-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, que informa que elevará o custo da energia no Brasil para ajudar o nosso vizinho Paraguai, que tem prejuízos para manter a hidrelétrica de Itaipu.

Será que o assessor não sabe que toda escolha gera um custo e que os agentes racionais escolhem o melhor custo benefício? Acho que ele não entende bem de economia e deixa o viés autoritário, típico dos líderes de esquerda, influenciar com discursos fáceis e românticos toda a população.

Paul Krugmann, emérito economista ganhador do prêmio Nobel, escreveu em seu livro “Economia Internacional” que o MERCOSUL não passa de desvio de mercado. Aqui criamos medidas protecionistas para proteger nosso mercado com bens inferiores, inibindo novos entrantes com tecnologia e produtos melhores, que melhoram o bem-estar social, por ações desproporcionadas por pessoas como este assessor que revela a seguinte frase insana constante na matéria: “ajudar os vizinhos não tem preço”.

O custo será em nosso bolso. Enquanto o vinho italiano do senhor Garcia é degustado em sua boca, o povo economiza no arroz para pagar a sagrada energia monopolista do Brasil. E ainda tem gente que cultua este tipo de gente. Fazer o quê?

terça-feira, 29 de março de 2011

Petrobrás, o petróleo e o bolso do brasileiro

O assunto começou de um e-mail que recebi ontem. A mensagem descrevia uma estratégia montada por um economista para forçar as ações de mercado em relação ao preço da gasolina. Deixo na íntegra o e-mail e as mensagens trocadas com o meu amigo William Pimenta sobre o assunto que é um pouco complexo. Lembro que o texto é um pouco extenso.

Ele encaminhou a seguinte mensagem na íntegra a todos de sua lista de contato:

Conversa encaminhada
Assunto: DIMINUIR VALOR DA GASOLINA AGORA: MAR / ABR /MAI – 2011 (IMPORTANTE)

GASOLINA (GNV, DIESEL e ÁLCOOL)
Como poderemos baixar os preços?
Você lembra do Criança Esperança? A UNICEF e a Rede Globo ‘abriram as pernas’...
Foi a força da Internet contra uma FÁBRICA DE DINHEIRO que DESCOBRIU-SE nunca chegar a quem de direito.

Então continue a ler. Não deixe de participar, mesmo que você HOJE não precise abastecer seu carro com gasolina! Mesmo que você não tenha carro, saiba que em quase tudo que você consome, compra ou utiliza no seu dia-a-dia, tem o preço dos transportes, fretes e distribuição embutidos no custo e conseqüentemente repassados a você.

Você sabia que no Paraguai (que não tem nenhum poço de petróleo) a gasolina custa R$ 1,45 o litro e sem adição de álcool. Na Argentina, Chile e Uruguai que juntos (somados os 3) produzem menos de 1/5 da produção brasileira, o preço da gasolina gira em torno de R$ 1,70 o litro e sem adição de álcool. QUAL É A MÁGICA?

Você sabia, que já desde o ano de 2007 e conforme anunciado aos "quatro ventos" O Brasil já é AUTO-SUFICIENTE em petróleo e possui a TERCEIRA maior reserva de petróleo do MUNDO.

Realmente, só tem uma explicação para pagarmos R$ 2,89 o litro: a GANÂNCIA do Governo com seus impostos e a busca desenfreada dos lucros exorbitantes da nossa querida e estimada estatal brasileira que refina o petróleo por ela mesma explorado nas "terras tupiniquins"
CHEGA!

Se trabalharmos juntos poderemos fazer alguma coisa. Ou vamos esperar a gasolina chegar aos R$ 3,00 ou R$ 4,00 o litro? Mas, se você quiser que os preços da gasolina baixem, será preciso promover alguma ação lícita, inteligente, ousada e emergencial. Unindo todos em favor de um BEM COMUM!

Existia uma campanha que foi iniciada em São Paulo e Belo Horizonte que nunca fez sentido e não tinha como dar certo. A campanha: "NÃO COMPRE GASOLINA" em certo dia da semana previamente combinado não funcionou.

Nos USA e Canadá a mesma campanha havia sido implementada e sugerida pelo próprios governos de alguns estados aos seus consumidores, mas as Companhias de Petróleo se mataram de rir porque sabiam que os consumidores não continuariam "prejudicando a si mesmos" ao se recusarem a comprar gasolina. Além do que, se você não compra gasolina hoje... Vai comprar MAIS amanhã. Era mais uma inconveniência ao próprio consumidor, que um problema para os vendedores.

MAS houve um economista brasileiro, muito criativo e com muita experiência em "relações de comércio e leis de mercado", que pensou nesta idéia relatada abaixo e propôs um plano que realmente funciona.

Nós precisamos de uma ação enérgica e agressiva para ensinar às produtoras de petróleo e derivados que são os COMPRADORES que, por serem milhões e maioria, controlam e ditam as regras do mercado, e não os VENDEDORES que são "meia-dúzia". Com o preço da gasolina subindo mais a cada dia, nós, os consumidores, precisamos entrar rapidamente em ação!

O único modo de chegarmos a ver o preço da gasolina diminuir é atingindo quem produz, na parte mais sensível do corpo humano: o BOLSO. Será não comprando a gasolina deles! MAS COMO??!

Considerando que todos nós dependemos de nossos carros, e não podemos deixar de comprar gasolina, GNV, diesel ou álcool. Mas nós podemos promover um impacto tão forte a ponto dos preços dos combustíveis CAIREM, se todos juntos agirmos para FORÇAR UMA GUERRA DE PREÇOS ENTRE ELES MESMOS. É assim que o mercado age! Isso é Lei de Mercado e Concorrência.

Aqui está a idéia:
Para os próximo meses (março/abril/maio de 2011) não compre gasolina da principal fornecedora brasileira de derivados de petróleo, que é a PETROBRÁS (Postos BR).

Se ela tiver totalmente paralisada a venda de sua gasolina, estará inclinada e obrigada, por via de única opção que terá, a reduzir os preços de seus próprios produtos, para recuperar o seu mercado.

Se ela fizer isso, as outras companhias (Shell, Esso, Ipiranga, Texaco, etc.) terão que seguir o mesmo rumo, para não sucumbirem economicamente e perderem suas fatias de mercado.
Isso é absolutamente certo e já vimos várias vezes isso acontecer! CHAMA-SE LEI DA OFERTA E DA PROCURA.

Mas, para haver um grande impacto, nós precisamos alcançar milhões de consumidores da Petrobrás.

É realmente simples de se fazer!

Continue abastecendo e consumindo normalmente! Basta escolher qualquer outro posto ao invés de um BR (Petrobrás). Porque a BR? Por tratar-se da maior companhia distribuidora hoje no Brasil e consequentemente com maior poder sobre o mercado e os preços praticados.
Mas não vá recuar agora... Leia mais e veja como é simples alcançar milhões de pessoas!

Essa mensagem foi enviada a aproximadamente trinta pessoas. Se cada um de nós enviarmos a mesma mensagem para, pelo menos, dez pessoas a mais (30 x 10 = 300) e se cada um desses 300 enviar para pelo menos mais dez pessoas, (300 x 10 = 3.000), e assim por diante, até que a mensagem alcance os necessários MILHÕES de consumidores! É UMA "PROGRESSÃO GEOMÉTRICA" QUE EVOLUI RAPIDAMENTE E QUE VOCE CERTAMENTE JÁ CONHECE!

Quanto tempo levaria a campanha?

Se cada um de nós repassarmos este e-mail para mais 10 pessoas A estimativa matemática (se você repassá-la ainda hoje) é que dentro de 08 a 15 dias, teremos atingido todos os presumíveis 30 MILHÕES* de consumidores da Petrobrás (BR),
(fonte da ANP - Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) Isto seria um impacto violento e de consequências invariavelmente conhecidas... A BAIXA DOS PREÇOS.

Agindo juntos, poderemos fazer a diferença. Se isto fizer sentido para você, por favor, repasse esta mensagem, mesmo ficando inerte.
PARTICIPE DESTA CAMPANHA DE CIDADANIA ATÉ QUE ELES BAIXEM SEUS PREÇOS E OS MANTENHAM EM PATAMARES RAZOÁVEIS! ISTO REALMENTE FUNCIONA.
VOCÊ SABE QUE ELES AMAM OS LUCROS SEM SE PREOCUPAREM COM MAIS NADA! O BRASIL CONTA COM VOCÊ!

Eu respondi:
Existiria esta lógica de demanda e oferta se os preços fossem flexíveis. Como a Petrobrás tem o monopólio natural das reservas de petróleo brasileiro e importamos gasolina, pois nossas refinarias não refinam o petróleo extraído em solo brasileiro devido sua densidade, isso justifica a importação de gasolina da OPEP.

Como o petróleo é uma commodity e as commodities estão valorizadas devido à enxurrada de dólares para recuperação da economia americana, sendo o petróleo também um insumo para o meio produtivo, temos inflação em vários setores da economia (o que acontece com o Brasil atualmente). Diante disso, não imagino um cenário tão barato de combustível nos próximos meses.

A culpa é a manutenção do monopólio da Petrobrás, sendo conduzido pelo estado brasileiro, e o controle do preço de mercado.

A solução para termos a lei de Say funcionando, ou seja, oferta e demanda descrita acima é privatizar a Petrobrás e deixar o mercado determinar o preço.

Só teremos um sistema justo de preços alocando a demanda e oferta se existir a privatização da Petrobrás e estimularmos a concorrência privada. Fora isso pode fazer milhões de campanhas e não vão dar em nada!

Esta é a verdade.

O William retrucou:
Ok! Sua posição é justa, mas não percebe que o nosso país tem uma produção muito grande de petróleo e nós, brasileiros, tendo que pagar um absurdo pelo combustível de nossos veículos! Inaceitável! Não acha?

Se não percebe a gasolina do DF é muito cara, pois se for às cidades ao redor encontrará o preço da gasolina em até R$ 1,00 real mais barata. Puxa esses absurdos me leva a perceber que o nosso país é muito corrupto!

Olha, não entendo muito de economia, mas se conseguirmos mobilizar uma quantidade de pessoas para não abastecer nos postos PETROBRÁS, com certeza surtiria algum efeito.

Não precisamos esperar acontecer uma privatização da Petrobrás, temos que agir antes que esses burgueses, filhos de um p..., resolvem aumentar novamente os preços e colocar a culpa novamente na safra da cana de açúcar.

Atenciosamente,
William Pimenta

Eu respondi:
A questão do etanol não é culpa do monopólio da Petrobrás e sim da COSAN.

Em relação ao preço do combustível ser mais caro no Distrito Federal em relação ao entorno é conseqüência dos tributos no DF serem mais caro em relação a outros estados. Aqui a alíquota de ICMS é 17%, enquanto São Paulo, se não me engano, é 9%. Isto impacta diretamente no preço deste insumo.

A elevação dos preços no setor de serviços, principalmente táxi, se deve aos insumos e derivativos do petróleo. Por exemplo o plástico, encarece o cano PVC na construção civil e eleva os preços dos imóveis, além do choque de demanda. Isto vem em cadeia. Nosso estado é caro e quer controlar a economia por intermédio do monopólio.

Outra questão é que a distribuição de gasolina no Brasil é realizada pela BR Distribuidora, que abastece todas as bandeiras.

Desta forma, se você deixar de abastecer em postos de bandeira BR estará passando os custos para os clientes da BR Distribuidora, encarecendo mais ainda este produto. A ideia é privatizar a Petrobrás e elevar o nível de competitividade entre as bandeiras. As commodities não reduzirão seus preços em curto prazo, pois a crise não foi estancada por completo.

Temos também o problema do Japão, que em breve receberemos a fatia de elevação na taxa de juros, já que a economia japonesa é uma credora do déficit americano e precisará de liquidez imediata para recuperar a economia de seu país.

Assim sendo, os Estados Unidos deverão elevar sua taxa de juros real, que hoje está em 0,25% a.a., e o Brasil fará o mesmo para rolar o déficit do estado brasileiro. Culpa do governo do Sr. Luís Inácio que gastou a mais do que devia. Então não sinta tanta confiança nesta estratégia.

Abraço!
Sérgio Ricardo

Participem também deste debate.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Basta!


Cansei de erros do governo quando se trata de economia e liberdade. A atitude do ministro prejudicará a economia nacional e impedirá o desenvolvimento. Chega!

Vamos protestar para que as mudanças aconteçam de forma natural, com uma resolução do conselho de administração e/ou participação dos acionistas ordinários junto com o grupo controlador. Para mudar tem que ter uma motivação séria, do tipo: resultados financeiros negativos, comportamento do CEO indesejado, etc. e não mudança por intermédio de um jogo político e de interesses espúrios.

População fique atenta a este desmanche de uma das maiores empresa de mineração do mundo totalmente brasileira. Enquanto o jogo político perpetuar é só este resultado que podemos esperar e não o verdadeiro resultado designado na ética e na prosperidade dos negócios, com elevação da produtividade, geração de emprego e renda.

Sou partidário da campanha fique Roger Agnelli no comando da empresa Vale do Rio Doce. Você faz um excelente trabalho e seu público interno e externo aprova sua administração. Seus funcionários lhe reconhecem e seus acionistas também. A conversa do governo é coisa de carochinha, baseada em propagandas enganosas e sem credibilidade, transmitindo inseguranças ao mercado. Temos cérebros, porém raciocinamos. Pensemos nisto!

terça-feira, 22 de março de 2011

Visita do Obama e o desenvolvimento nacional

O cálculo do produto nacional bruto, pelo lado da economia real, revela contabilmente as contas interna e externa. Pela economia interna temos a absorção privada e governamental e pela economia externa a absorção se dá por intermédio do déficit em transações correntes, conhecido como poupança externa.

Desta forma, como poupança é o capital gerado pelo setor privado para realizar os investimentos em formação bruta de capital fixo e os tributos é a receita governamental para investir em bens públicos que são não rivais e não excludentes do tipo obra de saneamento ou construção de estradas (há controvérsias nesta última), a absorção interna dependerá e muito dos esforços dos agentes privados e do governo. Como os agentes respondem a incentivos, um bom incentivo do governo é reduzir os impostos e estimular a geração de poupança privada para ampliar a concorrência e elevar o nível do produto econômico. Outra forma de incentivo estatal é melhorar os serviços públicos com obras de investimento, melhoria nos canais distributivos como portos, aeroportos e estradas para agilizar o escoamento da produção. Este princípio eleva a produtividade dos agentes e incentiva o mercado interno, gerando a formação de demandas por bens privado e público.

Agora que vem a questão. Se nossa poupança privada bruta está no patamar dos 20% do PIB, segundo o IBGE, a carga tributária real (descontando a inflação oficial do ano de 2010, que ficou em 5,90% de uma carga tributária nominal de 35,04%) foi de 29,14% e o governo engorda a cada ano a dívida bruta pública brasileira, o que fazer para elevar o desenvolvimento nacional? Poupança externa.

O saldo deficitário em transações correntes mostra que o Brasil depende de poupança externa para elevar seu nível de investimento, seja para políticas públicas educacionais, de saúde, saneamento, até para obras de investimento nos projetos da copa e olimpíadas, os dois maiores eventos esportivos do mundo.

Não sou contra ampliarmos nosso parque industrial ou nosso nível de consumo com poupança externa. Por isso sou favorável a visita de Barack Obama ao Brasil. Precisamos abrir espaço para investimento externo americano em nossa economia local. Só melhoramos nossa produtividade se tivermos uma economia livre para circulação de produtos na economia interna e externa, exportando e importando máquinas que elevam a produtividade competitiva dos agentes interno privados. Os americanos têm uma vantagem comparativa em relação aos brasileiros devido ao avançado nível tecnológico em sua economia doméstica. Desta forma importaremos mais manufaturas e exportaremos mais bens primários.

Não sejamos contra a tecnologia que aportará no Brasil, pois o setor que mais crescerá é que gera os maiores níveis de emprego em escala, ou seja, o de serviços, que é justamente a maior demanda pública e privada dos agentes que consumirão os jogos da copa e das olimpíadas. Esta é a lógica que calculo para não sairmos tão mal nos projetos gerado para recepcionarmos os dois maiores eventos terrestre.

Vale destacar também que o aumento nas importações dilui os preços na economia doméstica, pois elevará a competitividade dos produtos. Este é o mundo ideal já que muitos me perguntarão por que atualmente isto não ocorre na economia local se temos déficit em transações correntes e alto índice inflacionário? A resposta para este questionamento é: o tamanho do estado e o protecionismo privado de algumas empresas.

O protecionismo provocado pela FIESP, por exemplo, gera desvios de mercado e reduz o bem-estar econômico. A oferta agregada não se eleva e com o aumento da demanda agregada provocada pela forte elevação dos gastos públicos, o reflexo será no aumento significativo dos níveis de preço.

Só teremos os resultados esperados se abrirmos a economia brasileira para os fatores de produção e bens de consumo e o estímulo da competitividade entre os agentes econômicos. A visita do Obama tem que atender os interesses mútuos dos povos com vista à melhoria do bem-estar social dos brasileiros e americanos. Se não fizermos isso, o Brasil continuará sendo a coroa presa nos cabelos da rainha. Brilha, mas não tem voz e não manda em nada.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O que é mercado?

Muitos pensam que falar de mercado é uma coisa pejorativa, que faz mal à saúde, que é moralmente inaceitável e que passa de todos os limites das relações sociais da boa natureza humana. Para os que imaginam isso eu informo que estão pensando errado ou foi induzido por alguém a acreditar que o mercado é ruim por si só e que o capitalismo é o sistema mais cruel e desumano que existe. Pois bem, eu mostrarei minha visão.

Mercado é tudo aquilo que é baseado em uma relação de troca. Se você se relaciona com uma mulher ou homem é um mercado. Qual o produto que você oferta? Amor. Qual você demanda? Carinho. Foge da conotação de mercado estudado em economia? Nem um pouco.

Em economia existem duas formas de troca: de um lado a parte real e do outro a monetária. A parte real é aquela realizada por intermédio da produção e do trabalho. A monetária é baseada na moeda, a fonte que interliga o processo de quem compra o produto e de quem fabrica o bem.

No artigo anterior (clique aqui para ler) eu disse que o Brasil não tem foco quando tratamos do mercado de trabalho, que seleciona os insumos na base educacional, pois está formando agentes sem objetivo. Sugeriram-me que eu deixasse de ser reducionista e parasse de ver tudo apenas pelo olhar clínico do mercado, como se este último fosse uma coisa péssima de existir.

Se alguém estuda é porque trocará conhecimento com alguém, ou seja, a lei da oferta e demanda, pois esta é base primeira da criação de um mercado. Oferta um bem para uma demanda passiva que o escuta e absorve seu conhecimento.

Na roda de amigos em um bar, o conhecimento é repassado a todo instante quando começa uma conversa sem que necessite a moeda como fator transacional para o ato ocorrer. A oferta (quem puxa o diálogo) emite seu ponto de vista para a demanda (o receptor da mensagem) e, com isso, o mercado fora consumado pela moeda circulante naquele momento chamada de troca de experiências.

A diferença de uma mesa de bar com amigos e um workshop é que a moeda que paga o segundo é a monetária. Você pagará antes para receber o produto final, ou seja, a palestra. Você acredita que o receptor tem a fonte do conhecimento que você demandará no momento, por isso lhe entrega o valor monetário para receber o conhecimento desejado.

Então, digo e afirmo que o Brasil não tem foco quando não tem visão de mercado em suas transações corriqueiras, mesmo agindo para tal. Para um mercado ser perfeito, e é isto que defendo, tem que existir a variável endógena conhecida como objetivo. Sem objetivo a pessoa não terá foco e não constituirá um mercado perfeito com o outro indivíduo, porque nem a moeda “troca de experiências” será utilizada para constituir um diálogo.

Ter foco é o homem se reconhecer em seu talento e perceber que ele é um ser produtivo e trabalhador. Outras pessoas demandam o seu conhecimento, a sua força de vontade e, principalmente, o seu talento para resolver aquilo que é designado o seu esforço. Tudo isso é característica de mercado. Uma relação de trocas entre oferta e demanda. Enquanto ao resto é resto, não são “troca de experiências”.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O Brasil não tem foco!

Não temos a cultura que educação é a formação para o mercado de trabalho e o espírito empreendedor que deve prevalecer em uma população insegura não faz sentido, já que todos correm atrás do sonho do serviço público como perspectiva de crescimento profissional.
Enquanto não tivermos consciência veremos nosso diploma na parede e pensaremos: "Por que eu fiz este curso se não sei onde ele se aplica?"

sexta-feira, 4 de março de 2011

Medida fiscal para conter a inflação. Qual será o mal que gerou isso?

Há meses eu escrevo neste blog os problemas econômicos encarados pelo governo brasileiro e a utilização de remédios errados para (des)equilibrar a economia. Erros sucessivos, principalmente nos dois últimos anos do mandato do presidente Lula. Mas antes de profanarmos o culpado, vamos entender quais foram os determinantes que impactaram justamente na renda real do trabalhador.

Após a deflagração da crise de 2008, os keynesianos do governo utilizaram o artifício de curto prazo em medidas anticíclicas fiscais como aumento dos gastos do estado e redução de impostos a setores da economia, atrelado com expansão do crédito às famílias. A economia respondeu a esta medida, elevando o poder de consumo, respondendo rapidamente ao aumento da demanda agregada. Mas, se o problema do Brasil é estruturante, ou seja, de oferta pública e privada (falta de uma concorrência maior devido à existência de poucas empresas nos setores estratégicos da economia), como o governo utilizou o antídoto errado para frear a recessão econômica? Muitos economistas renomados defendem essas teses e alimentam a cultura dessas medidas anticíclicas para elevar o produto.

De fato ocorreu no ano de 2010 o maior Produto Interno Bruto dos últimos 24 anos, repetindo o resultado de 1986, mas com medidas artificiais, fato que provoca uma fatura gorda ao ano de 2011 e governo já adota o discurso recessivo da atividade economia, ocasionando um crescimento menor nos próximos quatro anos. Lembrando que o Brasil sediará as olimpíadas e a copa do mundo e necessita de reformas estruturais para receber os dois maiores eventos esportivos terrestre.

O Brasil fechou com uma taxa de poupança doméstica bruta no ano de 2010 em 16,5% do PIB, que é baixa em relação a países emergentes como a China, por exemplo, que chegou a 54,5%. O que isso significa? Pouca poupança, pouco investimento. Ainda dependemos muito do investimento público para avançar em reformas básicas para população, como saneamento, estradas, educação, saúde, etc. Como estamos a promover dois grandes eventos, estaremos nos próximos anos utilizando poupança externa, ou seja, déficit em transações correntes para fomentar a economia nacional. Não esperemos outra coisa a não ser um câmbio seguindo a tendência de valorização do real.

Temos um setor privado pouco competitivo, havendo mais competição em estratos de economias marginais que estão em uma modalidade simples de imposto, devido ao baixo faturamento, e em uma cadeia burocrática pesada gerada pelo governo, forçando a idade de sobrevivência a não passar de cinco anos. Todo esse mecanismo influencia a geração de custos de oportunidades na criação de cadeias corruptas revelando esquemas envolvendo empresários que pagam propina a políticos para ganhar licitações públicas, adquirirem benesses do estado e recolher empréstimos subsidiados pelo governo para investimento e aplicar os lucros em títulos pós-fixados, principalmente os atrelados a SELIC. O ganho real dessa negociata, considerando uma taxa de empréstimo via BNDES de 6% a.a e a atual SELIC em 11,75% a.a, é de 5,75% a.a, bem próximo ao que paga a caderneta de poupança ao ano na faixa de 6,80%.

Após verificarmos os gargalos que se encontra a economia brasileira, perceberemos que a fórmula utilizada pelo governo para alavancar o produto no ano de 2010 foi pouco estruturante e não resolveu os entraves enfrentados pelo povo brasileiro que, a cada dia está mais exigente ao escolher um bem de consumo demandando mais tecnologia e um tempo razoável de uso.

Como tudo que gera risco rende os maiores prejuízos e/ou lucros, no Brasil este fator é totalmente torto e ao contrário. Aqui o melhor salário médio é pago justamente ao setor da economia que tem um risco próximo a zero que é o funcionalismo público. A baixa produtividade e a cultura na geração de burocracias impedem que o setor privado responda com precisão ao aumento da oferta, desenvolvendo novas tecnologias que demandará novos trabalhadores e elevará o aumento na renda laboral, impactando justamente no avanço econômico necessário que o brasileiro almeja. Isto tudo reflete na alta carga tributária do estado, hoje em 35,5% do PIB, sendo o fator mais proibitivo para o desenvolvimento econômico.

Para resolver o problema que enfrentamos atualmente é necessária uma forte contenção dos gastos públicos, com redução significativa de alguns ativos do estado. Cito como exemplo o governo do Distrito Federal que mantém até hoje a CEB, altamente endividada, como empresa pública. Redução do número de ministérios, para reduzirmos a alta burocracia e controle do estado, verificar qual a necessidade da população para demandar mais recursos públicos que possam gerar renda e riqueza, desistir de sediar os dois eventos esportivos mais relevantes mundialmente, cessar os recursos do tesouro nacional ao BNDES e que ele opere como um banco comercial no qual ele é designado e impedir monopólios públicos para defender interesses de partidos políticos na fatia distributiva de cargos do estado.

Ou pensemos sério como resolver o problema, ou cada dia mais o Guido Mantega aparecerá na televisão para contar uma novidade da equipe econômica para não assustar de uma só vez a população com as péssimas notícias que encaramos atualmente no Brasil. A inflação está viva e descontrolada e o Sr. ministro sabe muito bem quem foi o culpado: a gastança mal administrada do estado brasileiro!