quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Uma parte da imprensa faz um desfavor ao tecer comentários econômicos

Por que muitas pessoas não têm saco para estudar economia ou ‘odeiam’ quem estuda e comenta o que aprendeu? Muitas das explicações vêm do meio jornalístico. A imprensa faz um desfavor ao defender uma linha de pensamento e induz os leigos a pensarem como eles.

É fácil perceber a manipulação do mainstream econômico nas conversas descontraídas em uma roda de bar ou com colegas de trabalho. A visão de que o governo prever correto para onde e como a economia deve seguir está na cabeça de cada oito pessoas em dez.

Vamos analisar dois exemplos: i) a discussão do Código Florestal no Congresso Nacional; e ii) a redução da taxa de juro básica da economia, a famosa SELIC.

O primeiro exemplo a imprensa utiliza apenas um do núcleo do debate, que é mais voltado à esquerda, para induzir que o novo código é um crime contra o povo brasileiro. Ora bolas, como a população mais pobre sobreviverá se não existir terra para o plantio? Será se a imprensa sabe o que vai acontecer se a oferta de alimentos diminuírem em um país subdesenvolvido como o nosso? Será que os ambientalistas do Greenpeace são os maiores expertises do mundo?

Em relação a taxa de juros básica da economia, a SELIC, a imprensa divulga que a economia está esfriada e que os mercados já trabalham com uma taxa de juros menor do que a praticada atualmente. Ora, eu vejo vários especialistas e estudiosos da área defendendo a valorização da taxa em um patamar mais elevado, pois a inflação não está no núcleo da meta.

Que economia é essa que defende a demanda agregada, advindo de um poder de consumo sem limites, para estimular a economia a responder por uma razão, sabe se lá qual que o governo trabalha, para não provocar uma queda do PIB? Quando existe recessão no futuro é porque no presente a economia passou por excessos.

Eu sou defensor da Lei de Say, que advogava que a oferta criava sua própria demanda e não o contrário, como se vê atualmente. A inflação existe por essas distorções na teoria econômica.

Não sou contra a imprensa, mas eu quero que analisem um pouco mais outras frentes de pensamento. O contraditório é necessário para enriquecer o debate e é a pretensão do conhecimento.

Como diz o ditado: jabuti no pé de jabuticaba foi a enchente que pôs ou foi a mão do homem. Com a economia é a mesma coisa, os erros é do homem, mas os acertos são da humanidade livre para pensar e agir!

jabuti

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A diferença entre liberalismo e conservadorismo


Muitas pessoas acreditam que os defensores do liberalismo são conservadores, mas não param para pensar que a natureza dos dois é antagônica. Suas bases estão ligadas a linha política mais a direita, isto é um fato, mas as semelhanças param por aí!

Conservadorismo vem de conservar alguma tradição em direção a um modelo social somado por forças conservadoras tradicionais advindas de famílias, por exemplo. Já o liberalismo defende a liberdade, acompanhada das novas tradições sociais, cunhada pela felicidade individual como método a atingir uma relação social harmoniosa, pois as pessoas trocam aquilo que elas produzem com outras pessoas que necessitam por livre vontade e expressão do individuo, deixando uma sociedade mais rica e feliz.

Para entendermos melhor a visão da escola liberal e o conservadorismo, peguemos como exemplo o que acontece atualmente no Brasil em relação ao homossexualismo. O Jair Bolsonaro, deputado federal pelo Rio de Janeiro, é um conservador de direita, que não respeita o direito de escolha dos cidadãos. Ele é baseado na visão familiar dele e não nas premissas liberais das escolhas individuais, cunhagem defendida pelo liberalismo. Na visão liberal, a vida é o direito do indivíduo e ele faz dela o que bem entender desde que não prejudique as escolhas alheias. É como uma empresa, onde o empresário pode decidir entre prosperar e falir. Assim é a relação entre as pessoas. Cada um faz da sua imagem o que quer. Assim como o sucesso é o mérito, a depreciação da imagem é o demérito proporcionado pelo próprio ser.

Cabe uma ressalta aqui. A defesa do liberalismo é totalmente adversa a visão da esquerda tradicional, que distorce a liberdade individual com propagandas sujas e diz que o coletivo é olhar para o próximo, como se obras de caridade não fosse uma promoção pessoal e egoísta de um ser.

A esquerda se utiliza da força para defender seus ideais e acabam por gerar o seu contraponto que é a direita conservadora do tipo Bolsonaro. A cada ação gera uma reação, conforme a terceira lei de Newton nos revela desde o segundo grau colegial.

Então, antes de agitarmos o terreiro, pensemos antes de agir. A direita conservadora é apenas o reflexo das ações de uma esquerda radical e de pouco diálogo, impulsionada pela força bruta na maioria dos casos. O fusinho do porco não é uma tomada. A entrada é parecida, mas o resultado não é o mesmo!


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O que é algo improdutivo 2

Um exemplo clássico do que escrevi no artigo anterior (clique aqui para ler) é o que está presente no artigo que foi publicado no excelente blog do professor Paulo Roberto de Almeida (UNE do PCdoB: melhor que trafico de drogas...).

O que é algo improdutivo?

Muitas pessoas questionam uma economia de mercado porque ela obedece às regras que são geradas pelo próprio mercado, portanto, regras que surgem naturalmente das negociações entre os agentes econômicos.

Todo mercado privado é produtivo, já que a lógica da existência de um mercado é a relação de trocas entre agentes que ofertam e demandam entre si bens que se tornam úteis pelas necessidades. Vou citar um exemplo: o padeiro faz pão, não porque ele gosta de mim, mas porque eu darei para o dono da padaria o meu dinheiro e ele repassará ao padeiro a parte que lhe deve de sua produtividade na fabricação do pão. Mas como foi que eu consegui dinheiro para comprar pão? Com o meu trabalho, ao produzir algo para alguém que demandou os meus serviços e assim sucessivamente.

Existe algo improdutivo? Sim. No Brasil vemos aos montes e todos alocados no setor público ou no meio sindical.

Antes que eu seja condenado, não estou querendo dizer que um servidor A ou B é improdutivo, mas sim que o serviço que eles operam tem natureza improdutiva. Como assim? O trabalho surge de uma demanda privada. Como no exemplo que eu dei acima, o padeiro é uma profissional que surge para atender a demanda de outros trabalhadores que pretendem comer um pão quentinho no café da manhã para trabalhar ao passo que uma parte do serviço público não tem uma demanda privada.

Percebe-se da explicação acima que o setor privado gera demandas e ofertas econômicas pelas necessidades dos agentes em consumir um bem que outros com talento fabricaram.

Peguemos um exemplo de um agente administrativo de um ministério. Posso medir a produção dele pela quantidade de memorandos que ele digita em um dia, mas ele não atende uma necessidade do mercado e sim as normas internas de um governo. Ou seja, cidadãos comuns pagam impostos para que a vida deles fique um pouco mais complicada, já que o servidor tem que justificar o seu salário produzindo mais burocracia para o meio privado da economia.

Peguemos agora outro exemplo. Imagine um engenheiro mecânico que produz freezer para vender aos supermercados que armazenam congelados para os seus clientes. Esse engenheiro recebe X reais por venda de um freezer e tem um custo de 0,6X com a fabricação de cada um. Se o governo lhe impuser um imposto de 20% sobre o seu faturamento e ele não repassar aos seus clientes, ele reduzirá sua poupança pela metade, já que antes ele recebia 0,4X e agora passará a receber 0,2X, pois seus custos aumentaram para 0,8X. Se o engenheiro tinha em mente expandir os seus negócios, ou o governo adiou esse tempo, ou ele perderá o incentivo e finalizará seu empreendimento.

Daí as pessoas podem se justificar: mas o servidor público também retornará esse valor ao mercado na forma de consumo… Sim, mas não será canalizado para o empreendimento do engenheiro e novos freezers faltarão no mercado fazendo com que o preço do frango, que é sensível aos custos operacionais, aumente e o servidor público reclame do governo porque o custo de vida dele está aumentando, devido à inflação e ao salário nominal fixo que provoca uma queda no salário real.

Partindo dessa premissa, eu entro na segunda relação de improdutividade: os sindicatos. Eles ajudam a derrubar o que está tendendo a queda. Quando o servidor faz greve reivindicando salários reais, justificada pela defasagem provocada pela inflação, automaticamente ele sinaliza ao governo aumentar sua receita. Como todo mundo sabe, a receita do governo são os tributos, logo mais encaixe e fiscalização serão provocados contra o setor privado da economia, reduzindo mais ainda a poupança privada, desestimulando a economia produtiva e direcionando todos os recursos para o setor improdutivo (sindicalistas e servidores públicos).

Infelizmente nós brasileiros estamos partindo para este círculo. Um caminho complexo e, dependendo do enredo, de finais trágicos. Que o diga a Grécia que não entendeu que toda escolha existe uma renúncia e o custo dessa renúncia pode ser mínimo ou máximo, dependendo do tamanho das vidas que estão ancoradas no jogo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Por que a China exporta produtos manufaturados e o Brasil produtos primários?

Antes que os cepalistas defendam os conceitos de Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares sobre a política de substituição de importações, vamos entender o comércio entre China e Brasil.

A relação de trocas entre essas economias se dá da seguinte forma: importamos produtos manufaturados e exportamos matérias prima à China. Dessa lógica surgem algumas intervenções e medidas protecionistas por parte do estado brasileiro. Mas, qual o motivo para essas medidas autoritárias? Por que não produzimos manufaturas competitivas? Por qual razão o governo brasileiro quer montar IPADs no Brasil para estimular a industrialização e o desenvolvimento nacional de novas tecnologias?

Muitas pessoas defendem essas ideias, sendo que algumas não entendem o motivo da defesa. Quando partimos para a política de substituição de importação, desviamos nosso olhar da realidade e construímos um mundo de métodos econômicos “fáceis” para corrigirmos um defeito existente em nossa cultura, como se o brasileiro existisse apenas em um plano virtual.

Observando a maioria dos especialistas do assunto, estudantes e o senso comum, percebemos que a maioria responsabiliza o baixo investimento educacional como um fator das distorções econômicas e culturais entre o Brasil e o resto do mundo.

Voltemos em nossa análise sobre o Brasil e a China após a exposição elaborada acima. Não acredito que a China, com quase 1,5 bilhões de pessoas, tenha um nível educacional, em termos relativos, melhores do que o Brasil em quesitos percentuais de pessoas com nível superior pra cima. Segundo o FMI, percebemos que o PIB per capita de um chinês médio é menor do que a de um brasileiro no mesmo estrato social que, em numerários de 2010, estava em US$ 7.518 ante US$ 11.289 de um brasileiro.

Para o meu amigo leitor ter uma ideia do fosso de pobreza em que os dois países estão inseridos, olhe para o primeiro do ranking, o Qatar, cujo PIB per capita foi de US$ 88.232. Para um chinês perceber a riqueza de um trabalhador no Qatar, ele deve produzir 12 vezes mais do que ele desenvolve atualmente, enquanto o brasileiro empenhará 8 vezes mais do que realiza hoje.

Logo, qual o motivo de importarmos manufatura e exportarmos matéria prima à China? Simples! Os chineses não têm legislações trabalhistas rígidas, tem disciplina cultural e aceitam qualquer desafio.

Analisando a teoria econômica da lei da oferta e demanda no mercado de trabalho, teremos uma situação do tipo: as empresas demandam mão de obra e ofertam capital; e os trabalhadores demandam capitais e ofertam mão de obra. Condições a seguir são dadas: a oferta de trabalhadores é mais elástica, ou seja, mais trabalhadores para uma mesma atividade econômica. Isto rebaixa salários. Então, a oferta de capitais por parte das empresas é inelástica, o que provoca a redução dos salários e o aumento da oferta de trabalhadores para empresas, que aceitam qualquer serviço para adquirir capital. Fora que na China existem estímulos fiscais para empresas multinacionais instalarem parques industriais em seu território.

Se a China apresenta os cenários acima, as empresas sentem-se mais a vontade para investir e utilizarem seus trabalhadores nos processos produtivos, pois o custo de trabalhador chinês é decrescente, semelhante à aquisição de máquinas e equipamentos, que tendem a reduzir os custos operacionais.

A conjugação de leis trabalhistas frágeis com salários reduzidos, devido à forte densidade demográfica, faz com que a China tenha vantagens relativas em relação ao Brasil na produção de IPADs ou outras formas de tecnologias avançadas.

O problema que o Brasil deve encarar é a redução do custo país e estimular nossos jovens ao empreendedorismo ou nas carreiras privadas, melhorando o ambiente competitivo e uma política tributária mais enxuta. Enquanto continuarmos incentivando nossos jovens na carreira pública, uma força sindical desproporcional e poucos empresários guiando as políticas econômicas no país, não poderemos reclamar que os produtos chineses estão invadindo o Brasil, como se o problema estivesse aí. Nós deveríamos olhar para a realidade dos fatos e não ficar procurando o bode expiatório dos nossos defeitos econômicos e culturais.