terça-feira, 29 de maio de 2012

O problema é do Euro

Imagine que você penhorou um anel de brilhantes para pegar emprestado um bom dinheiro no banco. A garantia que ele tem é justamente o seu anel. Será que essa garantia pode gerar conflitos econômicos? Em tese não, pois o banco pode gerar liquidez com a venda do anel e o problema estará resolvido. Agora imaginemos que o tal anel é o Euro. O que vemos atualmente é justamente o contrário. O Euro já foi um grande conto de fadas, mas hoje em dia ocupa os quadrinhos trajando a máscara de besta.

Parte do problema do Euro é o lastro que ele tem com o Dracma Grego. Com muitos títulos soberanos gregos nos cofres do Banco Central Europeu (BCE), não adianta a Grécia simples e puramente se afastar para resolver seus problemas econômicos e espantar de vez a zebra que ronda a Europa há quatro anos, desde a crise de 2008.

Vamos imaginar o seguinte: você comprou um carro, mas só vai recebê-lo em dez dias. Qual a garantia que você tem para pegá-lo na concessionária após este prazo? O documento timbrado (papel) de compra e venda do bem, reconhecido em cartório. Pois bem. Você está com o papel em mãos, mas cadê o carro? É isso que acontece hoje na zona do Euro.

Quando o BCE emitiu títulos lastreados na dívida grega, ele fez uma promessa de pagamento futuro (na data de vencimento dos títulos) ao detentor da apólice. Isto fez com que a máquina de produzir Euro fosse acionada naquele momento, elevando a oferta monetária, que será designada para financiar os projetos de investimento e/ou custeio da Grécia em curto prazo.

O investidor quis receber o prêmio por ter aplicado seus recursos no BCE, só que a fonte geradora desses títulos, a Grécia, não tem como retornar o montante de capital investido pelo Banco Central Europeu a sua economia.

Dois problemas poderiam ser esperados pelo BCE quando manipulou a máquina para emitir Euro à Grécia: (i) se o devedor não pára de pedir dinheiro ao seu credor, alguma coisa está errada em suas finanças; e/ou (ii) o credor quer elevar a receita financeira do devedor em curto prazo, reconhecendo que o endividamento em longo prazo será quitado pela dinâmica econômica. As duas medidas demandam uma apuração melhor do risco moral das operações.

O primeiro caso é típico problema da “mãe” que não quer magoar o filho mais necessitado e o ajuda a “vencer” na vida, em detrimento do filho mais independente e que faz o seu serviço com parcimônia e depende cada vez menos de sua mãe para andar com suas próprias pernas. O problema em longo prazo dessa estratégia é a socialização da dívida entre todos os filhos, pois ninguém que ver a mãe mal e sofrendo por causa do filho necessitado.

O segundo problema é o da crença que dias melhores virão. Remonta o sujeito que acha que em cinco anos será o mais novo milionário ganhando R$ 1.000 por mês no presente, mas acredita que a vida dele vai dá uma guinada e ele vai criar uma magnífica fórmula e passará a ganhar 10.000, 20.000 ou até R$ 100.000 por mês e pagará todos os credores e ainda sairá no lucro. Ledo engano! Ou o sujeito tem uma mente brilhante e uma ideia fenomenal, ou ele é um grande sonhador.

A Grécia teve um pouco de cada situação. Agora não dá para os credores não terem avaliado o risco antes da emissão de Euro e receber como garantia os títulos gregos.

Como não existe um gerente nesse momento para assumir a culpa pelo zero que levou ao não entregar o dever de casa, em grupo, para “professora”, a culpa recaiu ao Euro. Coitada da moeda que, além de curso forçado, é a culpada por não gerar liquidez para alguém que não soube utilizá-la com racionalidade. A Grécia paga o preço pela falta de racionalidade e descontrole dos gastos. Como reza a cartilha: a dívida não é da Grécia, é da Europa. Ela é a filha mimada pedindo ajuda para o irmão mais sério (Alemanha). Agora, a mãe quer ajuda internada na UTI!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Um presente especial para minha mãe

Ontem foi dia de comemoração por mais uma data em celebração aos dias das mães ao lado da minha. Mas, por que escreverei apenas hoje, após o dia escolhido dentre todos? Pelo um motivo muito simples: ontem eu queria passar o máximo de tempo com ela e não tive espaço para escrever.

Afinal de contas, dia das mães são todos os dias, mas nos concentramos em uma data do ano para refletir e lembrar o motivo de termos uma grande mãe. Pelo menos é assim que eu vejo a minha. Uma grande mãe!

O que me leva a este título não é só a força da palavra e sim o verdadeiro gesto de doação e amor que ela me depositou estes anos todos. Poderia eu ser um injusto, marginal ou toda forma de bandido, sem conhecer as regras da justiça, mas minha mãe esteve ao meu lado para me ensinar que o dedo na tomada dá choque.

Tal força ela tinha para me respeitar e cobrar atitudes e posturas e saber, que as escolhas que eu faço, são de minha e exclusiva responsabilidade. Ela me ensinou a habilidade de pensar antes de agir. Isto eu devo pelo seu amor de mãe.

Tão doente fui quando criança, que era fácil eu me entregar para a dona da vida, a morte, mas minha mãe não quis que eu me entregasse tão cedo, já que era uma criança e demandava muito de seu saber para viver. Ela se doou constantemente a minha causa para hoje eu estar aqui a escrever versos e prosas políticas e econômicas, sem saber muito do assunto. Ela me ensinou a me arriscar, porque a vida quer isso dá gente. O pássaro não voa se não cair!

A minha homenagem está quando conversamos ao telefone e eu pergunto a ela como está sendo o dia. Isto sim é reconhecer a troca de amor que ela deu para mim e eu, por retribuição ao carinho dado, tento fazer o máximo que posso, mas nunca chega aos 10% do amor integral depositado a mim por ela.

Como parte destes 10%, eu publico aqui em meu blog a minha homenagem para àquela que dedicou os primeiros passos de minha vida com um amor incondicional e hoje reconheço no olhar dela que o esforço valeu a pena.

sábado, 12 de maio de 2012

Um bom exemplo de cidadania

Recebi uma carta de um cidadão brasileiro indignado com a atual política econômica. Ele não é formado em economia, mas mostra que tem noção do assunto dando um show conceitual na equipe econômica do governo, por um motivo simples: é o dinheiro dele e de muitos brasileiros que os planejadores do estado passam a mão mudando as regras de rendimento todos os dias das aplicações, por uma política totalmente fora de uma lógica de mercado.

Esta carta é uma verdadeira forma de cidadania e que deve muito ser valorizada. Ele encaminhou à Presidenta. Por isso, eu inicio a campanha: LEIA E FAÇA ALGO DECENTE, DILMA!

Perceba, ao final, que ele votou na Presidenta, assim como muitos brasileiros, confiando nas garantias dadas por essa equipe econômica atual.

Boa leitura!

“Vossa Excelência,

Estou preocupado com meu futuro econômico, visto que:

· A mais de dois anos o meu reajuste salarial (definido por dissídio coletivo da categoria, negociado pelo SINDPD), tem acumulado perdas, principalmente se comparado ao reajuste do salário mínimo.

· O pouco que consigo economizar, não rende nada. Agora menos ainda.

· A SELIC cai, mas o spread não. Mesmo com os anúncios de quedas nos juros, feitos pelos bancos federais, no meu caso o Banco do Brasil, ficam apenas em propagandas. Para exemplificar, a taxa cobrada de mim, caso utilize o limite de cheque especial da conta, permanece acima de 8% ao mês. Felizmente tenho reservas e não o necessito.

· Ao surgir oportunidade de adquirir bens de melhor qualidade que os oferecidos pela indústria brasileira, vêm o protecionismo aumentar o imposto dos mesmos. Assim, nossa indústria continua produzindo produtos de baixa qualidade e ainda aumentam o valor cobrado, já que a concorrência não existe. O governo, por exemplo, nunca o vi usar os carros (paus de arara) nacionais. Se o protecionismo é uma boa alternativa, não deveria vir daí o exemplo?

Não julgue por desaforo, mas o que devo fazer?

· Consumir minhas reservas, endividando-me, e entrar para o time dos inadimplentes;

· Largar meu emprego e me apoiar nos benefícios do governo, que devem me render um bom dinheiro, sem que eu faça nada;

· Passar a sonegar imposto, melhorando assim a disparidade entre os reajustes salariais e a inflação;

· Ou apenas fingir que não estou vendo a política econômica de nosso país me deixar cada vez mais pobre.

Socorro Presidenta! Preciso saber o que vai ser de meu futuro.

Obrigado pelo canal para me desabafar!

Atenciosamente.

Um de seus eleitores,

Wesley Chrystie”

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O problema é da poupança

Brasileiro gosta de uma poupança, muito mais quando a genética feminina ajuda. Mas, não é só essa poupança que atrai o brasileiro, mas o restinho do dinheiro que sobrou do mês para guardar um pouquinho para os projetos futuros ou uma emergência.

O problema está na armação econômica errada dos planejadores central. Mudar as regras de rendimento da poupança é um problema para uma economia que enfrenta grandes obstáculos e que precisa dá resultados em longo prazo.

O governo pretende estimular o investimento executando, dentre os principais programas, o “Minha Casa, Minha Vida”. Só que a fonte de recursos desse programa vem com o advento da poupança (a pobre coitada) e de recursos do FGTS (no caso da Caixa Econômica Federal).

Se o governo desestimula o investimento em poupança, a regra de ouro nos diz que a taxa de juro nas linhas de crédito que são fomentadas pela dita cuja tem que subir. Mas, se o governo intervém no spread (composição do preço final que formará a taxa de juro para empréstimo), forçando a sua queda, os recursos necessários serão abastecidos por endividamento interbancário, como um entesouramento do dinheiro, ou vias tesouro nacional, com endividamento público.

É possível elevar a dívida pública na situação acima? Sim. Devido ao volume atual de divisas nos cofres do Banco Central. Isto pode nos levar a ter grandes problemas econômicos no futuro próximo.

O que deveríamos ter feito no momento é o dever de casa, já que muitos recursos externos estão ancorando no Brasil, principalmente pelo IED (Investimento Estrangeiro Direto). Esse dever é a elevação da poupança doméstica, que pode vir com uma reforma tributária que desonere o peso fiscal para empreender no país e uma redução organizada e constitucionalmente respeitada dos gastos do estado para uma elevação maior do superávit primário.

O que me espanta disso tudo é que estamos pasmos com uma poupança muito famosa de uma atriz global. Não se fala em outro assunto. Mas, será que ela é mais relevante do que a proposta do governo ao mexer na nossa? Valores invertidos esses nossos!