terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Programa: Pesadelo em Minha Vida

Muitos Macroeconomistas são denominados novo-keynesianos, que defendem as premissas de John Maynard Keynes, ou seja, os preços e os salários no curto prazo são rígidos e se baseiam no “custo de menu” para defender tais teses. O contraponto dos novo-keynesianos são os novo-clássicos, no qual estou associado, principalmente pela teoria dos ciclos reais de negócios, pois acredito no avanço tecnológico como variável endógena para desenvolvimento econômico. Diante disso quero destacar aqui o demagógico programa inventado pelo governo brasileiro chamado “Minha Casa, Minha Vida”.

Muitos devem ser perguntar o motivo de eu escrever a diferença entre os novo-clássicos e novo-keynesianos no início do texto e depois dissertar sobre o programa estatal de moradias populares citado acima. Só que este assunto está mais que interligado é isso que eu quero apresentar com este artigo.

O programa “Minha Casa, Minha Vida” é um programa destinado pelo governo, com subsídios de recursos provenientes da poupança e do FGTS junto à Caixa Econômica Federal, para o financiamento da casa própria a milhões de famílias que ganham até três salários mínimos e ainda não possui esse patrimônio familiar. O programa foi lançado no auge da crise econômica e de lampejos de uma deflação na economia brasileira no ano de 2008.

Após isto anunciado, qual a defesa dos novo-keynesianos para defender o aquecimento da economia e garantir os empregos, os salários e os preços estáveis na economia? Atuar por duas frentes:

a) Pelo lado da moeda, com uma política monetária expansionista, como redução da taxa dos depósitos compulsórios do Banco Central aos bancos comerciais, para estes últimos alavancarem os empréstimos às famílias e empresas com a premissa que o consumo e os investimentos aumentarão (pego como exemplo o banco PanAmericano); compra de títulos públicos para elevar a oferta de moeda, numa operação conhecida como open market, refletindo na redução da taxa de juros e reduzindo o custo operacional da moeda.

b) pelo lado real da economia, uma política fiscal expansionista, com redução dos impostos – escolhidos a dedo, pois só alguns setores da economia receberam tal benefício em detrimento dos demais; e elevação dos gastos governamentais (neste caso, qualquer economista que tenha um mínimo de senso sabe que aumentos nos gastos públicos têm que ter como destino o investimento e não gastos com custeio da máquina pública em economia recessiva).

O que estas duas políticas influenciam? A demanda agregada. Pensemos então pela lei de Say ou, como é mais conhecida, pela lei da oferta e demanda. Se eu der um estímulo para demanda, o que acontecerá com os preços que são alocados na economia? Eles se elevarão, já que pela lógica de Jean-Baptiste Say, cada oferta gera sua própria demanda e se eu estímulo a economia pelo seu lado adverso (demanda), estimulando-a existir sem a oferta esperada (não sustentável), os preços serão praticados a maior, já que deverão alocar os novos estímulos recebidos pela economia.

Olhando pela visão clássica da economia, podemos dizer assim, pelos conceitos dos novo-clássicos, o que este artifício do governo gerou na economia? No curto prazo o governo atingiu o seu objetivo, mas no longo-prazo (o que vivemos atualmente) a economia se desorganizou. Para citar um exemplo, a inflação está reduzindo o salário real dos trabalhadores.

Agora voltemos ao programa estatal do governo para estimular a economia, o nível de emprego e o uso da população de baixa renda para colher frutos eleitoral, pois não vejo outra justificativa para a criação deste programa, rendeu uma diminuição no poder aquisitivo da população, elevou os preços das moradias, principalmente as populares, e os contratos de financiamento que são entregues na CEF não tem o resultado esperado pelo estado devido ao Moral Hazzard, já que a Caixa é um banco comercial (não se esqueçamos disso!), e não emprestará a qualquer custo.

Definida essas questões, o governo vive da promessa de entregar 1 milhão de moradias populares em lugares distantes dos centros urbanos, sem infraestrutura adequada e com preços acima da taxa natural de ajuste do mercado. Ficará mais difícil com o decreto assinado pela presidente Dilma que enquadrou a CEF a emprestar recursos em imóveis que tenham a infraestrutura mínima para moradia, elevando em 10, 15 ou até 30% os preços dos imóveis, prejudicando principalmente a classe de renda baixa populacional.

Continuando a análise, notemos que este programa está reduzindo mais ainda o bem-estar do morador, com apartamentos e casas menores a cada dia, e elevado preço no metro quadrado em regiões próximas aos centros urbanos.

Esta é uma demonstração clara que o governo atinge seus objetivos em momentos curtos demais para o planejamento necessário que o Brasil necessita. Enquanto estivermos punindo os ideiais novo-clássicos, chamando-nos de mercenários e que não temos uma visão “progressista”, continuaremos proliferando a formação de novo-keynesianos que credita a economia apenas a visão de curto prazo e incentivaremos os pesadelos que tanto medo causam ao povo brasileiro.

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