sexta-feira, 4 de março de 2011

Medida fiscal para conter a inflação. Qual será o mal que gerou isso?

Há meses eu escrevo neste blog os problemas econômicos encarados pelo governo brasileiro e a utilização de remédios errados para (des)equilibrar a economia. Erros sucessivos, principalmente nos dois últimos anos do mandato do presidente Lula. Mas antes de profanarmos o culpado, vamos entender quais foram os determinantes que impactaram justamente na renda real do trabalhador.

Após a deflagração da crise de 2008, os keynesianos do governo utilizaram o artifício de curto prazo em medidas anticíclicas fiscais como aumento dos gastos do estado e redução de impostos a setores da economia, atrelado com expansão do crédito às famílias. A economia respondeu a esta medida, elevando o poder de consumo, respondendo rapidamente ao aumento da demanda agregada. Mas, se o problema do Brasil é estruturante, ou seja, de oferta pública e privada (falta de uma concorrência maior devido à existência de poucas empresas nos setores estratégicos da economia), como o governo utilizou o antídoto errado para frear a recessão econômica? Muitos economistas renomados defendem essas teses e alimentam a cultura dessas medidas anticíclicas para elevar o produto.

De fato ocorreu no ano de 2010 o maior Produto Interno Bruto dos últimos 24 anos, repetindo o resultado de 1986, mas com medidas artificiais, fato que provoca uma fatura gorda ao ano de 2011 e governo já adota o discurso recessivo da atividade economia, ocasionando um crescimento menor nos próximos quatro anos. Lembrando que o Brasil sediará as olimpíadas e a copa do mundo e necessita de reformas estruturais para receber os dois maiores eventos esportivos terrestre.

O Brasil fechou com uma taxa de poupança doméstica bruta no ano de 2010 em 16,5% do PIB, que é baixa em relação a países emergentes como a China, por exemplo, que chegou a 54,5%. O que isso significa? Pouca poupança, pouco investimento. Ainda dependemos muito do investimento público para avançar em reformas básicas para população, como saneamento, estradas, educação, saúde, etc. Como estamos a promover dois grandes eventos, estaremos nos próximos anos utilizando poupança externa, ou seja, déficit em transações correntes para fomentar a economia nacional. Não esperemos outra coisa a não ser um câmbio seguindo a tendência de valorização do real.

Temos um setor privado pouco competitivo, havendo mais competição em estratos de economias marginais que estão em uma modalidade simples de imposto, devido ao baixo faturamento, e em uma cadeia burocrática pesada gerada pelo governo, forçando a idade de sobrevivência a não passar de cinco anos. Todo esse mecanismo influencia a geração de custos de oportunidades na criação de cadeias corruptas revelando esquemas envolvendo empresários que pagam propina a políticos para ganhar licitações públicas, adquirirem benesses do estado e recolher empréstimos subsidiados pelo governo para investimento e aplicar os lucros em títulos pós-fixados, principalmente os atrelados a SELIC. O ganho real dessa negociata, considerando uma taxa de empréstimo via BNDES de 6% a.a e a atual SELIC em 11,75% a.a, é de 5,75% a.a, bem próximo ao que paga a caderneta de poupança ao ano na faixa de 6,80%.

Após verificarmos os gargalos que se encontra a economia brasileira, perceberemos que a fórmula utilizada pelo governo para alavancar o produto no ano de 2010 foi pouco estruturante e não resolveu os entraves enfrentados pelo povo brasileiro que, a cada dia está mais exigente ao escolher um bem de consumo demandando mais tecnologia e um tempo razoável de uso.

Como tudo que gera risco rende os maiores prejuízos e/ou lucros, no Brasil este fator é totalmente torto e ao contrário. Aqui o melhor salário médio é pago justamente ao setor da economia que tem um risco próximo a zero que é o funcionalismo público. A baixa produtividade e a cultura na geração de burocracias impedem que o setor privado responda com precisão ao aumento da oferta, desenvolvendo novas tecnologias que demandará novos trabalhadores e elevará o aumento na renda laboral, impactando justamente no avanço econômico necessário que o brasileiro almeja. Isto tudo reflete na alta carga tributária do estado, hoje em 35,5% do PIB, sendo o fator mais proibitivo para o desenvolvimento econômico.

Para resolver o problema que enfrentamos atualmente é necessária uma forte contenção dos gastos públicos, com redução significativa de alguns ativos do estado. Cito como exemplo o governo do Distrito Federal que mantém até hoje a CEB, altamente endividada, como empresa pública. Redução do número de ministérios, para reduzirmos a alta burocracia e controle do estado, verificar qual a necessidade da população para demandar mais recursos públicos que possam gerar renda e riqueza, desistir de sediar os dois eventos esportivos mais relevantes mundialmente, cessar os recursos do tesouro nacional ao BNDES e que ele opere como um banco comercial no qual ele é designado e impedir monopólios públicos para defender interesses de partidos políticos na fatia distributiva de cargos do estado.

Ou pensemos sério como resolver o problema, ou cada dia mais o Guido Mantega aparecerá na televisão para contar uma novidade da equipe econômica para não assustar de uma só vez a população com as péssimas notícias que encaramos atualmente no Brasil. A inflação está viva e descontrolada e o Sr. ministro sabe muito bem quem foi o culpado: a gastança mal administrada do estado brasileiro!

Nenhum comentário: