sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Brasil da contradição

Sabe qual foi a primeira frase que o observador da expedição de Cristovão Colombo disse em sua descoberta da América? Terra a vista. Essa simples frase foi pronunciada de quem estava vendo pelo alto das caravelas o manto verde do novo continente a ser explorado. Os que estavam sobre o piso do barco não puderam ver com clareza e de primeira mão o que estava na visão do observador no alto de seu mastro.

Esta história ocorreu em 1492, quando Cristovão Colombo ancorou suas caravelas na América Central, mas pode servir de enredo para esse início de 2012 no Brasil.

O IBGE lançou recentemente sua nova estatística afirmando aquilo que o mainstream econômico compreende como pleno emprego, ou seja, àquela instituição revelou que a taxa de desocupados está na casa dos 4,7% ao final de 2011.

Vejamos: se o Brasil atingiu o pleno emprego é um sinalizador que as coisas vão bem, mas... Muito embora seja uma notícia para se comemorar, eu estou que nem o observador das caravelas de Cristovão Colombo: visualizo uma coisa diferente de quem está sobre o solo do barco.

Por que parto para essas considerações? Enumero cinco elementos que considero importante para revelar um cenário não tão favorável assim como o governo pretende.

Primeiro: o Banco Central, em um cenário de uma taxa de inflação fora da banda, ao invés de elevar a taxa básica da economia para manter desaquecida a demanda, ele faz justamente ao contrário, utilizando como justificativa o cenário adverso da economia internacional.

Segundo: todos os salários são indexados a taxa de inflação passada. Este é o caminho e orientação de todos os sindicatos e esta política gera mais inflação de custos, pois mão de obra é um insumo produtivo.

Terceiro: o salário mínimo, ou seja, o salário de entrada no mercado de trabalho está elevado para micros e pequenas empresas que, segundo o SEBRAE, correspondem por 92% da atividade empreendedora do país. Isto aumenta a quantidade de trabalhadores informais.

Quarto: os indicadores da indústria (leia-se CNI) revelam que a produtividade não teve elevação nos últimos meses. Esta medida prejudica a oferta econômica e uma nova etapa na elevação de preços.

Quinto: as leis trabalhistas são punitivas para as empresas prosperarem. Para quem tiver um tempo, eu indico a leitura da matéria realizada pela Revista Exame que você pode acessar clicando aqui.

Em cima de meu mastro eu posso lhe afirmar que as finanças pessoais, quanto das empresas e, principalmente, do governo irão passar por apuros, se não este ano, nos próximos pagaremos a conta do gato. Não existe escolha sem custos e infelizmente nossa sociedade escolheu um caminho muito custoso, com base pouco sólida para pisarmos e um terreno não tão firme assim.

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