Para compreender a sensação que os preços dos produtos da economia
encarecem após uma elevação no salário mínimo, primeiramente temos que tratá-lo
como se deve, como um preço de insumo.
Na dinâmica da economia, o fluxo circular acontece da
seguinte forma: as empresas demandam trabalhadores e ofertam produtos, enquanto
os trabalhadores ofertam mão de obra e demandam recursos financeiros
(salários). A formação dos salários é dada pela derivada da função de produção.
Para ilustrar melhor, imaginemos a resolução deste exemplo: para
fazer um carro precisamos de quatro trabalhadores recebendo R$ 100 cada e cada
trabalhador faz um ¼ das peças em duas horas, se precisarmos ampliar a hora de
trabalho para quatro horas, quanta peças serão construídas? Veja: cada
trabalhador faz um ¼ das peças nas duas primeiras horas, então em quatro horas
teremos 02 carros produzidos. Se quisermos chegar ao final do dia com oito
carros construídos, considerando as condições dadas, essa empresa demandará
trabalhadores que, em uma economia livre, reduzirá os salários já que não se
trata agora apenas de quatro trabalhadores e sim de 16. Se o último trabalhador
contratado aceitar um salário de R$ 50, esse é o novo valor de mercado.
Como nasceu um conflito entre os mais experientes e os novos
trabalhadores, devido a variação salarial, os mais antigos recorrem ao
sindicato para manter as “garantias” que tinham antes da nova competição, ou
seja, manter o salário de R$ 100 que recebiam e estabilização do emprego.
Desta forma, se o sindicato conseguir garantir esse valor,
com aval do governo, o empresário não poderá contar, na sua linha de montagem, com
os 12 novos colaboradores que o seu projeto demanda e deixará de contratar 08
novos trabalhadores, já que o orçamento de R$ 800 só será atendido por 08
funcionários (os quatro que já trabalhavam na fábrica mais 04 novos
funcionários).
Se essa economia demanda a produção de 08 carros por dia, só
poderá contar com 04 carros. O que ocorrerá então? Uma elevação nos preços dos
carros devido a baixa oferta.
Disto isso, o que esperarmos dessa elevação do salário de R$
545 para R$ 622, uma valorização de 14,13% em termos nominais e de 7,63% em
termos reais? Mais aumento de preços de alguns produtos da economia brasileira
(inflação), mais escassez de recursos para investimento (redução da poupança,
já que os recursos estão direcionados para pagamento de salários) e crescimento
da taxa de desemprego.
Os recursos da economia são escassos é competem por eles os trabalhadores, empreendedores, governo e o resto do mundo. Então, aperfeiçoar a distribuição desses recursos demanda sabedoria, planejamento, competência e, acima de tudo, ética.
Um comentário:
Grande Sérgio, que explicação esclarecedora. E de fato como o novo valor do salário mínimo, pasar de de ser apludido pela a sociedade, tem suas consequências como,por exemplo, afeta negativamente trabalhadores não qualificados. Dependendo do cenário adotado, o aumento do salário mínimo pode também afetar negativamente trabalhadores qualificados, e, por meio da deterioração nas contas públicas, contribuir com o processo inflacionário.
Edvaldo Frazão
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