sexta-feira, 16 de março de 2012

A relação do câmbio com o pãozinho de Dona Maria

O que desvaloriza um bem? Sua abundância. Isto qualquer estudante de economia no primeiro semestre do curso já sabe. Lendo um pouco da teoria do valor, perceberemos a real motivação do preço de um copo com água valer mais no deserto do Saara do que em Belém do Pará.

Com a moeda não é diferente. Sua abundância desvaloriza o seu valor ao tempo que ela deixa sua escassez desaparecer.

Quando o governo reduz a taxa de juros básica da economia, ou seja, a SELIC, ele facilita as linhas de créditos e amplia a oferta monetária. Com maior expansão da moeda, o seu valor real diminui, já que sua utilidade marginal é decrescente.

Para explicar melhor o parágrafo anterior, meus 02 amigos leitores devem se perguntar o motivo de eu escrever que a utilidade marginal da moeda se torna descrente na medida em que se amplia sua base de circulação. Para um melhor entendimento, vamos a um exemplo: você acabou de fazer uma corrida no calçadão de Copacabana, exposto a um sol de 40º C, e se desgastou ao ponto de desejar um copo com água. Sua vontade é tão grande no primeiro copo que você o bebe de uma só vez. Saciada uma parte de sua sede, o segundo copo não terá o mesmo valor que o primeiro e assim, sucessivamente, até você não querer mais tomar água. O mesmo acontece com o dinheiro em excesso.

Imaginemos agora um trabalhador que ganha R$ 3 por hora trabalhada. Este trabalhador tem um custo fixo de R$ 300 todo mês. Desta forma, ele deverá trabalhar 100 horas no mês para pagar os custos que ele tem e qualquer hora adicional em seu trabalho é o lucro que ele recebe pela produção excedente.

Esse trabalhador realiza 150 horas por mês de plena produção, recebendo um lucro de R$ 150 quando o custo se mantém em R$ 300.

Para apimentar nosso debate, manteremos o salário do trabalhador fixo e elevaremos de R$ 300 para R$ 350 o custo mensal devido o aumento da base monetária. O lucro ganho passará de R$ 150 para R$ 100. Em outras palavras, de um mês para o outro o trabalhador ficou 33,33% mais pobre. Quem roubou sua riqueza? A elevação da base monetária.

Eu me utilizei dos exemplos acima para mostrar que a elevação da base monetária distorce o nível de riqueza, principalmente para quem esteja mais próximo ou dentro da base da pirâmide. Muitas acreditam que o seu esforço para ganhar dinheiro reduziu devido o aumento da oferta monetária e concorrem pelo mesmo bem, sem que estes bens suportem essa nova demanda, elevando o seu preço, pois, agora eles são bens escassos.

Como o BC não pode alterar a lógica da política monetária americana, européia e chinesa, mas pode alterar a sua vida, meu amigo leitor brasileiro, ele altera o fluxo de reais que circula na economia para desvalorizar, de forma artificial, os meios de troca das moedas ou, em palavras mais técnicas, alterar o câmbio.

É isto que o BC está fazendo. Ele quer comprar água no deserto do Saara e se esquece que no Brasil o que não falta é água. Enquanto continuarem as medidas para desvalorizar o câmbio na marra, o seu Luís aumentará o preço do pãozinho que a dona Maria comprará; ela se esforçará mais no trabalho para manter o mesmo padrão de vida de outrora, em preços de mercado mais elevado.

Tenha dó de mim Dilma, dirá ela a um amigo próximo!

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