No próximo dia 13 de maio, o Brasil completará 124 anos do fim
da escravidão em solo nacional. O fim de uma história de atrasos que durou 03
décadas, agora será comemorada com mais atrasos pela votação equivocada do
Supremo Tribunal Federal na data de ontem.
Não é momento de celebração. A data de ontem coloca o Brasil
em uma posição de xeque em relação ao desenvolvimento social de sua população.
A cena de um índio sendo retirado pelos seguranças dos
corredores da Suprema Corte é a fotografia mais revoltante do atraso que
estamos encarando em pleno Século XXI. Eles querem, assim como os negros, que
as universidades públicas tenham um sistema de cotas para índios. Ora, índio
não quer ser bicho e ser tratado como tal? Por que índio precisa estudar? Quer
se tornar cidadão brasileiro de fato, e defendo esta ideia, tire o cocar da
cabeça e se vista como homem trabalhador e vá à luta. Não espere do estado o
que você, como ser humano, pode fazer.
Você, amigo leitor, já parou para analisar que o sistema de
cotas é excludente e não o contrário? Se inserirmos todos que se sentem
excluídos nessa cesta, a coisa ficaria do tipo: 20% de cotas para negros, 20%
de cotas para pobres, 20% de cotas para os índios, 20% de cotas para os
homossexuais e 20% de cotas para os deficientes físicos, quantas vagas
sobrariam para os brancos, por exemplo? Nenhuma!
Logo, se os brancos não têm cotas, eles não podem estudar.
Logo, vamos ao congresso protestar para os brancos estudarem. Cotas para os
brancos já!
Estão vendo como um grupo pode distorcer a noção da verdade?
Eu sou favorável a meritocracia. Gosto quando o primeiro que chegou ao pódio seja
valorizado e não os “excluídos” sociais.
Conheço pobres e negros que se tornaram doutores (vide o
exemplo do Ministro Joaquim Barbosa) e nenhum deles precisaram de cotas para
estudar.
O que precisamos seriamente é melhorar as condições de
disputa. Para isso, precisamos valorizar a educação básica de qualidade e não é
dando aumento de salários aos professores que chegaremos a lugar algum.
Precisamos melhor a estrutura educacional por inteiro.
A vida é feita da base e não dos galhos das árvores. Não é com arremedo, ou "tapa buraco", que ajustaremos nossa sociedade.
6 comentários:
Concoedo com vc Sérgio.
Agora me responda uma coisa? A votação unanime do STF, vc acha que teve motivação politica? Ou esses caras estão todo sem noção dos fatos?
Edvaldo Frazão
Com certeza Edvaldo. Os ministros são pessoas bem formadas, mas como eles não queriam bater de frente com o forte lobby do movimento negro, eles usaram da motivação política, que foi o que elevou a eles a condição de ministro.
Infelizmente a equipe dos lobbistas é que consegue tudo no Brasil. Somos um país muito controlado, com um povo bastante passivo. Aqui, os ideiais de liberdade e propriedade não são respeitados.
Abraço e muito obrigado pela sua honrosa participação.
Sérgio Ricardo
Sergio, concordo em tudo com o que você falou. O que precisa ser consertado é a base, sempre defendi isso. O que eu defendo é dar condições iguais a todos para disputarem uma vaga. Dar condições com escolas melhores, com ensino de qualidade e, principalmente, com pais que acompanhem seus filhos na escola, que cobrem da escola resultados. Hoje a escola virou creche. O pai manda seu filho pra escola não para aprender mas porque precisa trabalhar e não tem onde deixar. Minha esposa vive essa realidade todos os dias. O objetivo da escola não é mais ensinar, é fazer números, é bater metas. Fazem de tudo para o aluno ser aprovado, porque a escola tem metas. O resultado está aí no dia a dia, pessoas com diploma de segundo grau e não sabem fazer uma conta simples sem uma calculadora, não sabem interpretar um texto, isso quando conseguem ler o texto. Você veio de escola pública como eu. Você lembra o que aconteceu no nosso 3º ano do segundo grau, sem professores, com 1 professor dando 2 matérias e no final uma boa parte do conteúdo de fisica a gente ficou sem aprender. Não foi a cor da pele que nos desigualou em relação aos outros concorrentes a uma vaga na UnB. A diferença é que não tivemos base pra disputar de igual para igual uma vaga.
Um abraço,
Leonardo
Grande Leo.
Sempre bom ter sua presença aqui.
Como você mesmo relatou, acabamos nos tornando vitoriosos até aqui em algumas de nossas conquitas, já que nossa base não foi suficiente boa do que a de nossos rivais.
Mas chegamos, onde chegamos, sem cotas ou qualquer forma de favorecimento.
Buscamos os méritos em todas nossas tentativas, até quando perdemos.
Isto é a base ética que defendo. Parabéns pelo comentário.
Abração.
Sérgio Ricardo
Grande Sergio!
Primeiramente permita-me endossar os comentários do Edvaldo e Leonardo.
Eu também concordo com o seu texto quando vc destaca a verdadeira raiz do problema (melhorar a educação de base). Além do mais, no século XX, os negros dos EUA passaram por uma situação muito pior que os do Brasil; mas ao contrário daqui, o anseio e a luta por liberdade foi o que possibilitou àqueles a chance de vislumbrar uma vida melhor. Isso ficou sacramentado na eleição do Obama!!! Não que lá seja tudo as mil maravilhas, mas deixa a lição de como as coisas podem mudar. Ou seja, de como uma democracia faz parar se firmar como tal...
Grande Marcão,
Sim. O que acontece é que qualquer grupo social, que antes era excluído, ao assumir novas condições, por exemplo, melhora do poder econômico, é normal que queiram assumir o domínio político também.
Quando se tem igualdade de condições nas discussões de projetos, às vezes, o grupo excluído parte para retórica. Assim, nunca perderá o estigma de ser o marginalizado de outrora.
Quem pode ceder ao racismo é o movimento negro. Enquanto eles continuarem considerando que são os marginalizados sociais, teremos mais políticas desse tipo e ações de segregação por parte de quem começa a se sentir marginalizado no processo.
Sou favorável que todos tenham a mesma liberdade de ascensão. Para isso, a política tem que se voltar para base e não para o pico da pirâmide. Enquanto continuarmos assim, teremos muito a perder como sociedade que almeja um crescimento sustentável e próspero.
Grande abraço,
Sérgio Ricardo
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