domingo, 28 de agosto de 2011

A economia dos flanelinhas

Qual o custo de oportunidade em ser um flanelinha? A profissão não exige capacitação, nem tem patrão e inexiste a formalidade e tudo que entra de recursos é isento de custos, ou eles são baixos que não merecem cálculos e preocupações consideráveis. O motivo da existência de flanelinhas está na formação de um contrato informal e sem cláusulas, diluído de custos para o flanelinha caso a parte lesada, ou seja, o dono do veículo sofra com a péssima qualidade do serviço conjugado com a garantia de um lucro de 100% a cada dinheiro recebido. Vejamos os motivos.

Quando o cidadão ancora em estacionamento ou passagens públicas ele não tem informação completa sobre o núcleo urbano que ele parou e confia em uma pessoa que ele não conhece a vigia de seu carro, na esperança que essa pessoa possua uma informação privilegiada sobre o local. Existem duas formas de a pessoa reduzir o risco e elevar o grau de confiança em um flanelinha. Primeiro que o carro pode está segurado e que o risco moral recaiu totalmente à seguradora caso o veículo seja furtado; ou que a pessoa assuma o risco, pois não existe alternativa já que muitos estacionamentos públicos são “privatizados” por uma camada extensa de flanelinhas.

O que o cidadão deve fazer? Na verdade tudo na vida é provido por um sistema de preços. Caso o cidadão não queira pagar o ingresso para proteger seu bem, assumirá riscos por isso. Muitas das vezes são os próprios flanelinhas que furtam o interior do veículo ou finge que não ver quem os faz, já que em muitas cidades eles garantem a reserva de estacionamento a quem pagar primeiro em preços estipulados por eles.

O problema é a maioria dos cidadãos não conhecerem que o sistema de preços são baseados em uma demanda por serviços oferecidos, carregados de custos operacionais e impostos, e não acham interessante pagar por ambientes privados, que oferecem serviços de segurança e contratos formais, por considerarem que os preços são elevados.

Quem decide o preço em uma economia de mercado? A conjunção entre demanda e oferta. Se a oferta de vagas for menor do que a quantidade de carros, quem permanecer mais tempo nas vagas pagará um preço maior, já que impediu que outras pessoas pudessem usufruir do espaço. Uma demanda elevada influencia na evolução dos preços. Esses preços elevados incentivam a entrada de novos empreendedores e os preços tenderão a ser reduzidos com a elevação da competitividade. Fora que o serviço oferecido tende a melhoria. Isto é economia de mercado!

O problema é que os nossos representantes públicos querem parecer bonito para a opinião pública e não tem ideias relevantes para votar e aprovam leis sem qualidade e que distorcem a realidade. A Lei Distrital nº 4.624/11 é de um desrespeito ao povo, pois finge olhar para o cidadão o provocando com ideias falsas e sem densidade científica.

Notem que os flanelinhas existem devido a essas leis enviesadas que olham apenas por um prisma e esquecem que isso elevará os custos das apólices de seguros, já que aumentará a oferta de estacionamentos públicos e com isso a oferta de flanelinhas mal intencionados que visam lucros em curto prazo diminuindo a qualidade dos serviços, já que não existem contratos formais entre as partes. Fora que não existirá vagas para todos, já que a procura será grande e não existirá interesse dos estabelecimentos melhorarem a oferta de vagas, reduzindo o bem-estar com o passar do tempo.

Além de tudo que dissertei acima, o governo não perderá tempo para elevar o imposto sobre veículo automotivo (IPVA), cuja justificativa se dará pelo aumento de vagas públicas para o cidadão.

Lembrem-se: leis ruins geram economias ruins. Se não tem dinheiro para pagar o estacionamento, vá de metrô ou ônibus, mas não se iluda com as “boas” intenções dos burocratas do estado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro,
Esta Lei seria um ótimo benefício para toda população, pois várias pessoas usufruem dos estacionamentos privativos, uma vez o estado não conseguir suprir toda demanda, então consideravelmente o Estado deve fazer a parte dele objetivando o bem comum, mas se não fosse a ambição dos empresários pensando somente no seu lucro teríamos políticas publicas que realmente atendesse a sociedade. Para visualizar melhor este meu comentário, temos hoje na real situação do governo diversas desistências de cargos de alto calão do GDF por conseqüências de ameaças, isso porque quando é pra ser feito a coisa certa os empresários só perdem com isso. A maquina pública, por ter a palavra "publica", quem comanda são os empresários que possui de capital para sustentar e incentivar a corrupção prejudicando ate mesmo você, meu caro colega.

Que pena q essa Lei não estar mais em vigor.