Antes que os cepalistas defendam os conceitos de Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares sobre a política de substituição de importações, vamos entender o comércio entre China e Brasil.
A relação de trocas entre essas economias se dá da seguinte forma: importamos produtos manufaturados e exportamos matérias prima à China. Dessa lógica surgem algumas intervenções e medidas protecionistas por parte do estado brasileiro. Mas, qual o motivo para essas medidas autoritárias? Por que não produzimos manufaturas competitivas? Por qual razão o governo brasileiro quer montar IPADs no Brasil para estimular a industrialização e o desenvolvimento nacional de novas tecnologias?
Muitas pessoas defendem essas ideias, sendo que algumas não entendem o motivo da defesa. Quando partimos para a política de substituição de importação, desviamos nosso olhar da realidade e construímos um mundo de métodos econômicos “fáceis” para corrigirmos um defeito existente em nossa cultura, como se o brasileiro existisse apenas em um plano virtual.
Observando a maioria dos especialistas do assunto, estudantes e o senso comum, percebemos que a maioria responsabiliza o baixo investimento educacional como um fator das distorções econômicas e culturais entre o Brasil e o resto do mundo.
Voltemos em nossa análise sobre o Brasil e a China após a exposição elaborada acima. Não acredito que a China, com quase 1,5 bilhões de pessoas, tenha um nível educacional, em termos relativos, melhores do que o Brasil em quesitos percentuais de pessoas com nível superior pra cima. Segundo o FMI, percebemos que o PIB per capita de um chinês médio é menor do que a de um brasileiro no mesmo estrato social que, em numerários de 2010, estava em US$ 7.518 ante US$ 11.289 de um brasileiro.
Para o meu amigo leitor ter uma ideia do fosso de pobreza em que os dois países estão inseridos, olhe para o primeiro do ranking, o Qatar, cujo PIB per capita foi de US$ 88.232. Para um chinês perceber a riqueza de um trabalhador no Qatar, ele deve produzir 12 vezes mais do que ele desenvolve atualmente, enquanto o brasileiro empenhará 8 vezes mais do que realiza hoje.
Logo, qual o motivo de importarmos manufatura e exportarmos matéria prima à China? Simples! Os chineses não têm legislações trabalhistas rígidas, tem disciplina cultural e aceitam qualquer desafio.
Analisando a teoria econômica da lei da oferta e demanda no mercado de trabalho, teremos uma situação do tipo: as empresas demandam mão de obra e ofertam capital; e os trabalhadores demandam capitais e ofertam mão de obra. Condições a seguir são dadas: a oferta de trabalhadores é mais elástica, ou seja, mais trabalhadores para uma mesma atividade econômica. Isto rebaixa salários. Então, a oferta de capitais por parte das empresas é inelástica, o que provoca a redução dos salários e o aumento da oferta de trabalhadores para empresas, que aceitam qualquer serviço para adquirir capital. Fora que na China existem estímulos fiscais para empresas multinacionais instalarem parques industriais em seu território.
Se a China apresenta os cenários acima, as empresas sentem-se mais a vontade para investir e utilizarem seus trabalhadores nos processos produtivos, pois o custo de trabalhador chinês é decrescente, semelhante à aquisição de máquinas e equipamentos, que tendem a reduzir os custos operacionais.
A conjugação de leis trabalhistas frágeis com salários reduzidos, devido à forte densidade demográfica, faz com que a China tenha vantagens relativas em relação ao Brasil na produção de IPADs ou outras formas de tecnologias avançadas.
O problema que o Brasil deve encarar é a redução do custo país e estimular nossos jovens ao empreendedorismo ou nas carreiras privadas, melhorando o ambiente competitivo e uma política tributária mais enxuta. Enquanto continuarmos incentivando nossos jovens na carreira pública, uma força sindical desproporcional e poucos empresários guiando as políticas econômicas no país, não poderemos reclamar que os produtos chineses estão invadindo o Brasil, como se o problema estivesse aí. Nós deveríamos olhar para a realidade dos fatos e não ficar procurando o bode expiatório dos nossos defeitos econômicos e culturais.
Um comentário:
as manufaturas chinesas, qualquer artesão brasileiro pode fazer e vender pra grandes centros, comprei no natal bonequinhos de neve que eu mesma podia ter feito com os mesmos materiais, o que faltou foi vontade é aí que os produtos chineses entram,
Postar um comentário