quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Emprego x Salário Mínimo

Este artigo foi escrito por um amigo economista e leitor do blog, Edvaldo Frazão. Ele me enviou por e-mail e posto para que meus amigos leitores apreciem suas ideias. Obrigado Frazão pelo artigo.

Abraço!

Emprego x Salário Mínimo

Por Edvaldo Frazão

Com a elevação do salário mínimo, o que muda no cenário econômico? Existe uma ideia amplamente propagada de que o aumento do salário mínimo é eficaz para reduzir a pobreza na sociedade. Será isso uma verdade?

O professor Marco Aurélio, da Universidade Católica de Brasília, costuma dizer o seguinte: se você quer saber como o mundo está, dê uma olhada em sua janela. Olhando através dela percebemos que muitos trabalhadores que ganham salário mínimo têm certo grau mínimo de estudo ou estão iniciando a vida profissional.

A questão do salário mínimo está na geração de pesos mortos na economia. Quem tem uma cultura reduzida não melhora sua situação com o salário mínimo e ele ainda serve como baliza na busca de emprego, já que a pessoa não apresenta a capacitação necessária para gerar o produto que arcará com seus custos. Nesse caso, o custo do trabalho é maior do que o lucro do captalista, logo a relação de trocas é negativa e como o empreendedor é um agente privado e racional, não arcará com o dispêndio de uma economia sem trocas (o empreendedor e o trabalhador ficam pobres ao longo do tempo).

Bem da verdade que o Brasil continua a bola da vez no cenário mundial. Os americanos e europeus vivem uma crise e suas taxas de desemprego dão mostras que não irão diminuir em curto prazo. Mas o Brasil tem que se precaver, pois o quadro está mudando com os sinais de desaceleração divulgados em pesquisas realizadas pela CNI. De julho a agosto de 2011, os estoques indesejáveis subiram de 6,5 para 9,5%, segundo informa fontes do setor. É intrigante ver que muitas das empresas que concederam aumentos generosos, como no caso das montadoras, são motivadas a conceder folgas e férias aos seus funcionários devido às quedas nas vendas.

As notícias já refletem o drama que vive a indústria brasileira. O crescimento do emprego perde fôlego no segundo trimestre de 2011. Nos últimos dois meses foram gerados cerca de 340 mil empregos, ante 430 mil no mesmo período de 2010 – 26% a menos. Para se ter uma ideia, só no setor manufatureiro a redução do ritmo foi de 40%. Estima-se que o emprego industrial em 2011 crescerá apenas 0,5%, bem abaixo dos 3,5% observados em 2010.

Com quadro apresentado acima é difícil entender a razão de reajustes tão elevados nas negociações coletivas, principalmente quando o governo indexa o salário mínimo a variação do PIB dos últimos dois anos mais a taxa de inflação oficial (IPCA). Teriam essas empresas uma margem de lucro tão grande que lhes permite aumentar as remunerações? Ou estariam elas num beco sem saída por causa da forte escassez de mão de obra? Em ambos os casos a indústria perde, já que a rentabilidade diminui e o empresário não tem os incentivos necessários para investir e contratar.

Vejamos um exemplo: você tem uma empresa e tem como meta alcançar o percentual de lucro mínimo que fique por volta de 3 a 5% ao mês do capital investido na empresa. Se os custos aumentam o lucro decresce, a não ser que você parta para demissão. É justamente isso que você fará! Essa lógica impede que a economia gire organicamente, pois sem emprego, não existe consumo, e sem consumo, não existe empreendimento, e isto impede a atuação do fluxo circular econômico.

Tudo isso é uma sugestão para termos realismo nas negociações salariais, pois 2011 já compromete as finanças pública e privada do ano de 2012.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Sergio,

O Governo tem pronunciado que
pretende reajustar o Salário Mínimo entorno de R$ 817,00 até 2015, isso é equivalenta a 50% de aumento. No entando,a meta de inflação estimada para o mesmo período não chega nem a metade desse reajuste, ou seja,teremos um aumento bem maior que a inflação. Bom para quem ganha o salário mínimo, ruim para as contas da Previdência Social e dos estados e municípios que pagam esse piso.
Como ja discutido no artigo acima, o ciclo econômico será bastante afetado
E sem falar do grande risco de gerar inflação.

Abraço,

Edvaldo Frazão

Anônimo disse...

Na teoria faz muita lógica e pareçe super justo, mas só acho que mesmo assim o salário mínimo é baixo para uma pessoa sobreviver e fala sério, em empresas de médio e grande porte ele é rídiculo, e outra de que vale o salário mínimo mais baixo, teríamos um mercado de trabalho mais equílibrado? Beleza com os trabalhadores passando fome? O salário mínimo tem que ser um valor digno, ou voçe acha certo alguem trabalhar reçebendo 300 reais por mês? melhor nem trabalhar,