segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O meu amigo, a prosa e a economia da deflação

Quando adolescente, conversava com meu amigo Wesley sobre uma nota de R$ 1,00 que ele mantinha na carteira (para se ter uma ideia do tempo, não existia naquela época a nota de R$ 2,00). Eu estava no terceiro ano do segundo grau e ele no segundo. Naquela época eu nem pensava em economia e nem sabia como o mercado agia. Tinha 17 e ele 16 anos.

Daquela prosa o Wesley me disse: – eu gosto da nota de R$ 1,00… Éramos apenas estudantes, conquistar uma nova nota de R$ 1,00 demandaria boas notas e o orgulho do pai para nos contemplar com uma nova mesada de R$ 10,00 (que valia muito para época: 1998). E ele completou a frase dizendo: – eu sei que guardar nota na carteira gera inflação. Foi pelo menos o que me falaram.

Hoje eu parei para pensar que daquela prosa existia um conceito econômico que pode gerar dois efeitos: a inflação ou deflação. Inflação será se, à medida que algumas pessoas não empregam o capital a casa da moeda coloca a máquina para girar e imprime moeda. Se existir uma demanda menor que a oferta monetária os preços se elevarão e a inflação estará concretizada. Mas o oposto pode ocorrer que é a deflação.

Os americanos vivem um exemplo como esse. Não adianta o FED (Banco Central Americano que na sigla em inglês significa Federal Reserve Bank) implantar quantos facilitadores quantitativos quiser na crença que a economia reagirá como se espera de uma curva de Phillips. O problema é justamente esse. As pessoas não creem nesse mecanismo econômico e preferem manter o dinheiro ancorado na carteira ao fazer sua circulação.

Muitas pessoas devem pensar que a deflação é melhor que a inflação, já que há uma redução nos preços, mas não é! Uma deflação é tão ruim quanto uma inflação. A desvantagem de uma deflação é que as dívidas, por exemplo, crescem na soma de uma PG infinita. Isso cria um circulo “eterno” entre credor e devedor. Fora que o devedor não amortiza a dívida e o credor mantém ativos circulantes por muito tempo em seus balanços, que não é ruim por um lado, mas por outro diminui o apetite pelo risco que impede o investimento e o crescimento empresarial. A economia tende ao fracasso.

Outra variante é que os preços caindo rapidamente expulsa muitos empreendedores marginais, diminuindo o nível de competitividade e fazendo com que as empresas demitam seus trabalhadores, reduzindo o nível de consumo da economia. Os passivos circulantes ficam comprometidos, principalmente o trabalho remunerado, já que os custos ficam maiores do que a receita. Essa é uma das justificativas que a Constituição Brasileira apóia a redução de salários em período de crises de ciclos econômicos.

Então, da próxima vez que você ver alguém defender a deflação lembre-se que economia sadia é àquela ordenada pelos preços reais de mercado. O resto é crise financeira!

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso Sergio!!!

Estou vendo que estudaste nas mesma Universidade que eu...


Edvaldo Frazão