segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Carta à Presidenta Dilma


Esta carta é uma obra minha e o personagem apresentado no texto é fictício. Não é dirigida a ninguém e serve apenas de um exemplo para mostrar como está a condução da política econômica promovida pelo governo federal desde os tempos do ex-presidente Lula.

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Presidenta Dilma, perdoe a minha intromissão na condução da política econômica brasileira, já que não sei muito de conceitos técnicos, mas, como um brasileiro, eu notei no bolso como as ações de sua equipe econômica interferem no meu dia a dia.

Eu sou um cara compulsivo e estava aprendendo a fazer poupança, depois de viver a triste realidade da era perdida (década de 80). Só que minha situação financeira começou a ficar difícil e serei o mais breve possível para não tomar o seu valioso tempo.

Ao final do ano passado os seus ministros me falaram para consumir, pois o consumo gira a roda da economia. Foi o que fiz! Comprei no crediário em parcelas a perder de vistas e meu fluxo de caixa foi sendo enxuto e hoje não tenho dinheiro para comprar pão no final do mês. Comprei carro 1.0 do ano, geladeira, fogão, televisão, etc. Mobiliei meu apartamento novo, que adquiri no programa Minha Casa, Minha Vida com as isenções fiscais sugeridas por sua equipe.

Hoje meu telefone não pára de tocar. O pessoal do banco me disse que estou com minha fatura do cartão de crédito atrasada em mais de 60 dias. A financeira que aprovou meu crédito, sem mistério nenhum para um homem de 50 anos, mecânico de profissão, renda de R$ 1.200,00 por mês, quatro filhos, dois adolescentes e duas crianças, e uma esposa de 46 anos que trabalha como diarista ganhando R$ 600 por mês, me cobrou as quatro parcelas que estão em atraso da compra de meu sonhado carro 1.0, sem ar condicionado e trio elétrico, que financiei em 72 vezes.

O pessoal da operadora de telefone me disse que cortará o telefone em breve, pois estou há dois meses com as contas em aberto. Em relação a minha casa, já recebi um ultimato da Caixa se eu não pagar os seis meses que devo e ela será confiscada e vendida nos feirões que o banco promove. O que posso fazer nesta situação?

Quando eu não tinha nenhum incentivo do governo, eu vivia mais feliz. Pobre mais feliz! E agora? A cada dia que passa em minha vida eu percebo que pago mais impostos e que entrou dois a mais em minha cesta: IPTU e IPVA.

Ontem eu passava por uma rua movimentada de minha cidade e vi que o governo local dá incentivos fiscais na compra de um carro novo. Em resumo, IPVA pago quem comprar modelo 1.0 fabricado em 2012.

Fiquei pensando comigo mesmo. Vou vender o ágio de meu carro e voltar a andar de ônibus, mas quando vi a reportagem em um telejornal que até os ônibus estão com os pneus carecas, velho e que tem até baratas e o metroviários vivem realizando greves, eu raciocinei: vou ficar com meu carro até o banco me tomar. Qualquer coisa eu pego um consignado, já que sou motorista do governo e servidor público federal, e pagarei as minhas dívidas atuais. Os juros estão caindo e o crédito está farto!

Agora, vou lhe contar um segredo Presidenta! Eu era mais feliz quando vivia com a renda que eu ganhava e só gastava o que eu podia. O aluguel era pago, só prometia aos meus filhos o que eu podia dar e, tanto eu quanto minha esposa, dormíamos melhor e não existia tantas brigas devido a falta de dinheiro. Fora que hoje em dia já chego estressado e atrasado ao serviço por causa dos grandes engarrafamentos que vemos nas principais vias das metrópoles brasileiras.

Atenciosamente,
João de Deus, um brasileiro indignado

2 comentários:

Anônimo disse...

não entendi!! o cara é mecânico ou motorista do governo (servidor público)?

Unknown disse...

Gostei Anônimo.

Eu coloquei essa dicotomia justamente para provocar o debate.

Quando uma pessoa se torna servidora pública ele crê que isso é profissão, mas isto é um cargo público.

A profissão é vinculada a área de formação da pessoa. Por exemplo: eu sou economista, mas se eu passo em um concurso para Analista Administrativo, por exemplo, tendo a falar que sou servidor público e não economista. Na maioria dos casos é assim.

Abraço e obrigado pela participação.

Sérgio Ricardo