quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Educação: um tema central

Parece-me nítido que o maior problema do Brasil seja a falta de educação. Não só a educação aprendida nas escolas, livros ou faculdades, mas a educação estrutural. O título deste artigo a coloca como um tema central e é nisso que quero tratar.

Educar é um ato simples. Todos os políticos a expõe de complexa solução, como na verdade é de fácil resolução. Uma forma de definir este impasse está na inovação e é nisso que vou explanar um pouco meu objetivo com este artigo.

Para as ciências econômicas, ou qualquer outra ciência, a resposta só existe depois da manipulação e análise dos dados empíricos. Para os que não sabem, os dados empíricos são àqueles que só os conhecemos na prática e ainda não foram definidos como ciências. Pois bem, não mensurarei os dados para tratar a ciência em si, mas embasarei minha tese nas hipóteses conhecidas.

Para justificar o que quero dizer, é só notar como os economistas (como eu) avaliam a curva de produção. Eles verificam que a produtividade marginal é decrescente ao longo tempo. Para isso, imagine uma fábrica de computadores, onde cada técnico consegue montar dois computadores ao mesmo tempo. Se tivermos 100 computadores para serem montados, necessitaríamos contratar 50 funcionários. Se aumentarmos a produção de computadores e passássemos a montar 150, precisaríamos então de 75 funcionários. Ou seja, o produto marginal deste acréscimo no produto será de 25 novos funcionários. Mas, se quisermos que os técnicos aumentem a produtividade valorizando-os, cobra-se que eles montem um computador a mais do que eles fazem no momento, ou seja, três computadores por técnico. Desta forma, o que os empresários farão é ofertar treinamento. Sendo assim, eles estarão ofertando mais educação. Então os técnicos passarão a montar os mesmos 150 computadores, já que cada um produzirá um computador a mais do que antes, sem a necessidade de novas contratações. Diante deste cenário, os técnicos serão mais valorizados e motivados a produzir, pois estão mais capacitados e os salários mais elevados. Os empresários também ganham com esta iniciativa, já que a folha de pagamento, que no princípio deveria aumentar com os salários dos 25 novos funcionários, não elevará tão elasticamente porque terão custos com os acréscimos nos salários e não com os salários inteiros, demandando mais atividades a estes funcionários.

Este foi um exemplo de externalidade positiva gerada pela educação. Não precisou de um modelo tão complexo para explicar sua importância. Mas o que falta para termos níveis aceitáveis em investimentos educacionais? Para mim existem três explicações, que são: i) a vontade do funcionário em se capacitar para melhorar de vida e buscar um melhor rumo; ii) o interesse empresarial em ganhar retorno financeiro ao investir no funcionário, como nas palavras de Milton Friedman, não existe almoço grátis; e iii) por último, que o governo entre para conciliar os interesses empresariais e individuais dos colaboradores que pretendem se capacitar. Vejam que a minha lógica neste artigo é atribuída ao mercado de trabalho, com a finalidade do mercado alocar um funcionário mais capacitado, o que daria a justificativa de ampliarmos o nível de investimento educacional. Não vejo outra forma de alocarmos melhores estudos.

Os políticos prometem uma melhor estrutura educacional porque não fazem o dever de casa. Na parte distributiva, que é dever do estado, eles deveriam reduzir carga tributária, aumentar o nível de competitividade da economia, com uma maior abertura comercial, e estruturar um modelo educação focado na linha do mercado, para que o mesmo aloque os futuros técnicos que fomentarão o crescimento econômico sustentável. Hoje vemos o contrário, os técnicos estão sendo alocados pelo estado, reduzindo o nível de capacidade produtiva da economia brasileira, já que em vez de gerarmos novas tecnologias, estaremos gerando mais burocracia.

O Brasil está com crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) nominal, mas não tem uma lógica estrutural que aloque funcionários capacitados em áreas estratégicas e com formação suficiente para cultivar novos negócios.

Se continuarmos assim, aumentaremos ainda mais o nível de endividamento do estado, devido ao seu tamanho e o manteremos como fonte geradora de empregos, principalmente em Brasília, onde todos querem ser servidores públicos devido aos altos salários prometidos em detrimento do setor produtivo, que não consegue concorrer devido à alta carga tributária.

Por que tendemos a complexar uma lógica que era tão simples? Para isso, votemos em políticos que notem na iniciativa privada uma parceira e a sociedade colherá com isso um maior nível de investimento educacional e, consequentemente, maiores salários serão gerados nessa economia.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Na parte distributiva, que é dever do estado, eles deveriam reduzir carga tributária, aumentar o nível de competitividade da economia, com uma maior abertura comercial, e estruturar um modelo educação focado na linha do mercado..."

Sergio,

Creio que esse é o ponto crucial. Uma maior abertura comercial implicará na disputa entre as empresas pelos melhores TALENTOS disponíveis no mercado.

O professor Adolfo também escreveu um artigo interessante sobre essa questão, se vc ainda não leu vale muito a pena.


Mitos sobre a Educação
http://bdadolfo.blogspot.com/2010/08/mitos-sobre-educacao.html

Grande Abraço!
Marcos

Unknown disse...

Fala Marcão.

Eu já li este artigo assim que o professor o publicou. Realmente, só teremos um nível educacional valorizado quando alocarmos melhor os trabalhadores capacitados em um mercado que absorva esta mão-de-obra geradora de resultados.
Com certeza os talentos surgirão da competitividade proveniente da abertura comercial.

Forte abraço e obrigado pelo post.
Sérgio Ricardo