terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ana Carolina símbolo Farias

Muitos acharão o título chamativo e com certeza prestarão atenção em cada palavra escrita. São para essas pessoas que eu escrevo este testemunho. Um retrato real de uma pessoa guerreira, que para indivíduos medíocres que tem um bom poder aquisitivo descreveriam que o futuro de Ana Carolina seria o retrato da maioria das famílias brasileiras pobres que esperam todos os dias ajuda de pessoas de bom coração ou do estado, mas não! Relato um caso diferente da força de vontade a construção de um objetivo de vida.

Ana Carolina símbolo Farias vem do princípio que a família Farias faz o que o nome teima em não seguir. Farias é o tempo verbal no passado, mas o presente é meta e perseverança. Remoto aos tempos de meus pais, que fizeram de cada suor o fruto determinante para que hoje eu possa escrever um pouco dos conhecimentos adquiridos em minha trajetória de vida. Das dúvidas no nordeste brasileiro a formação de engenheiro, meu pai, e psicóloga, minha mãe, bem sucedidos aqui em Brasília.

Aqui transporto uma história recente de mais uma personagem dessa família grandiosa, do qual sou orgulhoso de participar. O nome dessa guerreira é Ana Carolina. De estágio a funcionária, mas não simples assim.

Ela, uma menina de 16 anos com personalidade formada de mulher guerreira, iniciou estágio de ensino médio na Procuradoria-Geral da República (PGR), mas conhecido como Ministério Público, de onde surgiu a devoção e o projeto de vida.

Ana Carolina passou fome e sede e teve que escutar de muitos, que só pensam no curto prazo, que a distância dela com a família para estudar era desculpa em não aceitar as condições de vida que tinha. Quantas injustiças foram cometidas. Morava então na casa de uma amiga na asa norte, carregando consigo a tristeza e a descrença em dias melhores. Ela foi tida em alguns momentos como “péssima” filha que fugirá de sua realidade, sendo que na verdade ela mudaria tudo a sua volta.

Hoje aos abraços e beijos da conquista, ao suor amargo de uma vida sofrida, mas firme como bambu a ajudar sua família, essa guerreira colhe o fruto do esforço plantado. Seus progenitores guerreiros como são, sentiam a falta da filha amada, que processou em sua mente a determinação de se tornar servidora pública da PGR, pois lá gostará de trabalhar e prometeu voltar. Para muitos concurseiros bom salário e uma vida mansa a manter advindas de famílias de classe média em busca da tão sonhada “estabilidade”. Enquanto para Ana Carolina era obsessão. Lá fez amigos e o trabalho a inspirava a ser tão grande quanto o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel.

Faculdade a de fazer, mas como? Primeiro obstáculo a vencer é se tornar servidora pública do Ministério Público aos 19 anos. Quantas incertezas. Ainda mais que a prova será realizada pelo Centro de Promoção e Seleções (CESPE), da Universidade de Brasília (UnB), o tão temido instituto que elabora excelentes provas. E agora? Para Ana Carolina este foi o de menos. O maior obstáculo foi se distanciar da família nos últimos três anos de sua vida para estudar. Tem dificuldade maior do que essa? Ver sua mãe chorando e não poder falar nada porque seus planos vão por água abaixo e ninguém acreditando que você está lutando, batalhando? O conteúdo da prova é o mínimo.

Escreve-se então no cursinho para as provas da PGR e começa a batalha dia-a-dia. A cadeira de estagiária era o sonho da funcionária. Tão cedo começou seu caminho. Um dia fui buscar minha sogra no serviço, o mesmo almejado pela minha prima, e para minha surpresa elas se conheciam. Vi quantos livros carregava e saia do trabalho na asa norte, como recepcionista de uma clínica de saúde, para ir à biblioteca da PGR para estudar. Passarei, era a frase mais anunciada por ela.

Ao desenhar este cenário, você leitor, com certeza, já conhece o final. O Farias está apenas no sobrenome. Ana Carolina passou! Das glórias vividas nas batalhas de cada dia, a guerra vencida com honro.

Agora o próximo sonho é a faculdade de direito e a promotoria. Futuramente mestrado e doutorado para, em fim, torna-se uma excelente professora universitária a ensinar aos nossos jovens que a vontade fala mais que a dificuldade. Que teimar é a maior vitória que ela pode conquistar. Quantas pessoas julgaram-na sem saber? Quantos preconceitos ela passou? Não era hora de desistir, quando de muitas palavras era a primeira a ser lembrada.

Pois bem Ana Carolina, seu exemplo de vida me orgulha bastante. Acreditar em seu potencial foi à melhor condução que teve para atingir o primeiro passo de seu objetivo. Eis de aprender muito com você. Aos seus pais a glória da criação. Devo mostrar-me como exemplo ao ter em sua mãe uma segunda mãe que me ensinou nos meus primeiros passos.

Como diz o trecho da música “Stairway to Heaven” (Escadaria para o Paraíso), da banda Led Zeppelin: “Há algo que sinto quando olho para o oeste e meu espírito chora ao partir...”. Você viu a luz que lhe guiou e chorou muito ao deixar a família, pelo menor espaço de tempo que seja. Siga e você se dará bem! Já mostrou que é capaz e o seu exemplo mostrou que tudo que sonhamos é o que nos faz viver, é o que nos faz lutar. Porque tudo que se quer se tem e nada é preciso para começar.

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