quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O que fez o governo mudar de discurso?

Capa do jornal Valor Econômico de hoje (25/11/2010) mostra a “nova” equipe econômica do governo Dilma Rousseff, formada por: Miriam Belchior, a nova gerente do PAC e que levará o programa para o Ministério do Planejamento; Guido Mantega, atual ministro da Fazenda que aprovou vários empréstimos do Tesouro ao BNDES; e Alexandre Tombini, atual Diretor de Normas do Banco Central e será conduzido à Presidência do órgão. Todos com o discurso bem afiado que é da austeridade fiscal.

Inicialmente a minha mira estará para os ministérios do Planejamento e Fazenda, devido ao estilo dos novos gerentes. O novo presidente do Banco Central será poupado dessa análise, devido ele ser a única “cara nova” da equipe econômica.

O que seria austeridade fiscal para o ministro Guido Mantega e para Vossa Excelência Miriam Belchior? O primeiro elevou o endividamento do estado brasileiro de uma forma pouco racional. Empréstimos aprovados que migraram do Tesouro Nacional para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que foram aportados por grandes empresas para financiar “novos” negócios de incorporação, com taxas subsidias, que oneram a população e desviam o mercado, reduzindo a competitividade. A segunda porque não tem um plano coordenado eficiente de progresso econômico com as obras do PAC. A construção do trem bala é um péssimo exemplo de que a condução desse programa está mirando nos focos errados de evolução econômica.

Estou me tornando chato ao repetir a mesma ladainha de sempre por culpa do governo central. Todo economista sabe que a economia gira como moeda de troca, ou seja, que toda oferta cria sua demanda ou a ordem inversa. A diferença entre os pensamentos econômicos é que a escola clássica reza que a oferta gera a demanda ao produzir produtos e competi-los no mercado, tendo como meta a maximização dos lucros, enquanto a demanda nasce com a função utilidade do consumidor sobre os bens ofertados em cada economia. Então o consumidor tenderá maximizar sua utilidade. Desta forma, avalia-se que a oferta gera a demanda em um sistema de preços de equilíbrio que alocarão esses produtos.

Noutro extremo surge a escola heterodoxa, conhecida como pensamento keynesiano, que acredita que a existência de estímulos governamentais elevará a demanda agregada equilibrando a economia no curto prazo entre oferta e demanda de bens produzidos. Aqui é onde surge o problema maior. Essa escola eleva o endividamento do estado e os dois ministros são keynesianos.

Quando surgiu a crise econômica de 2008, os gastos do estado, sem especificação de receita e tratada por regime de caixa, foram avançados, principalmente com custeio. A elevação de salários públicos e os programas de incentivos sociais, tipo Bolsa Família, foram fatores incoerentes que se apresentaram em tempo de crise. Será que eles acreditaram que a função consumo representada no cálculo do Produto Nacional Bruto (PNB) tinha que ser mais valorizada que outras variáveis como o investimento, por exemplo?

A primeira medida foi aumentar os gastos com custeio do estado e diminuir tributos a setores sorteados e não para economia como um todo. Os concursos públicos foram mais que duplicados, sufocando ainda mais as contas do estado. Quero deixar claro que não sou contra a contratação do estado desde que exista a finalidade para tal. Temos que ter em mente que a contratação de funcionários públicos gera custos contínuos, impactando no fluxo de caixa do estado cada vez mais crescente. Para isso, deve-se ter uma política coordenada e atividades estratégicas contempladas que valorize o bem-estar social com respeito à liberdade de mercado e corrigindo suas falhas.

Não acredito que esses dois ministros atingirão a ótica de uma economia pujante, com austeridade fiscal e sustentabilidade na economia do estado, equilibrando receita e despesa governamental. Vocês acreditariam com um histórico como esse apresentado acima? Eles querem corrigir o problema que eles mesmos criaram. Como pode agora o criador eliminar a criatura a não ser com a morte? A população brasileira que deveria ser a maior interessada nessa questão não gostar de discutir temas político ou econômico e ficam a ver navios com temas como a volta da CPMF ou elevação da taxa de juros devido a fatores inflacionários, achando tudo tão normal. Pagar a conta agora virou tema simples para o Brasil.

Pense bem! Você já viu algum alcoólatra ou dependente químico ao deixar de “sê-lo” depois de um tratamento não sofrer de abstinência ou voltar para o mesmo circulo do vício? A abstinência é a economia brasileira ou a volta de mais políticas keynesianas para destruir de vez o que já está destruído: o estado de bem-estar social brasileiro.

Depois não me venha dizer que não avisei que o causador das crises é o estado que interfere nas liberdades dos agentes econômicos.

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