quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Por que os economistas teimam em elevar a taxa de investimento?

A teoria economia reza que taxa de juros é uma função inversa da taxa de investimento. Também sabemos pela teoria econômica que a taxa de juros é a variável de equilíbrio que orienta a economia real com sua dinâmica monetária, de tal forma que a moeda garanta valor a economia para responder ao movimento de troca entre mercados.

Diante dessas premissas viabilizamos os debates econômicos quando os especialistas indicam que a taxa de juros está alta e impacta diretamente na linha produtiva de uma economia. Primeiro em relação ao câmbio, que é o preço de mercado que dinamiza a relação comercial com resto do mundo; segundo que ela interfere no setor produtivo, estagnando o crescimento da produção nacional; e, por último, na relação dívida pública pelo Produto Interno Bruto (PIB). Assim sendo, construiremos nosso modelo com essas variáveis macroeconômicas.

Atualmente vemos as autoridades da área econômica do governo revelando que no mundo se vive uma guerra cambial, mas o câmbio é uma variável endógena. Em outras palavras, o câmbio não é resolvido por uma política de estado, já que ele responde as estratégias do governo. A única forma de controlar câmbio deu no que deu. Crises e mais crises no Brasil, principalmente na década perdida (anos 80). Então como resolver o problema que muitos especialistas dizem que impacta também na industrialização brasileira?

Analisando o gráfico abaixo, percebemos que a teoria econômica está mais que certa quando trata de funções inversas a taxa de juros e de investimento. As informações do gráfico foram extraídas do portal do IPEADATA e foram calculadas as variações de 1970 a 2009 da taxa de juros real e de investimento proporcional ao PIB.
 


Notemos pelo gráfico que a variação na taxa de investimento manteve-se mais estável ao longo do período, com uma tendência reduzida ano após ano. Salvo a década de 70 que o Brasil apresentou taxas chinesas no crescimento do PIB e o forte investimento público, que logrou o tão conhecido jargão do ex-ministro da Fazenda Delfim Neto de inchar o bolo para depois reparti-lo. Nessa década também temos o eminente ex-ministro da Fazenda do governo Geisel, Mário Henrique Simonsen, que controlava o câmbio com uma calculadora HP, sendo o Policymaker das diretrizes econômicas.

O que ressaltamos do gráfico é o descontrole que o país apresentava na taxa de juros real. Com o forte déficit em transações correntes, que geraram o famoso déficit gêmeo (déficit no setor público e na conta do setor externo), tivemos uma desestabilização da moeda, com fortes índices inflacionários, fato que desvirtuou a taxa de juros nos anos 80 e início dos 90, regularizado a partir do plano Real.

Também percebemos pelo gráfico que os aumentos em investimento acima da média estão nos anos que apresentam as menores taxas de juros reais, conforme constatado na teoria econômica.

A economia é uma ciência que estuda os comportamentos dos agentes econômicos (governo, famílias e empresas) e a administração dos recursos escassos. Mas quais são os recursos escassos do Brasil? A poupança doméstica é um desses fatores. Sem ela, o nível de investimento doméstico é reduzido, elevando os déficits em transações correntes para ampliar a oferta econômica e o crescimento das empresas residente no país.

Olhando pela conjuntura atual, os economistas do governo colocam no câmbio a culpa por este mal. É daí que nasce o erro. No Brasil, o estado é o maior propulsor da economia. Logo, para ampliarmos o crescimento econômico, elevaremos, por conseguinte, o endividamento público, principalmente das estatais.

Os recursos do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT) são direcionados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fomentar a economia de uma forma racional. Quando esses recursos estão escassos, o BNDES recorre ao Tesouro Nacional, ou seja, da arrecadação tributária, cuja finalidade é emprestar, com taxas subsidias, às empresas que necessitam ampliar o seu parque industrial. A ideia do banco deveria elevar o nível de competitividade à formação de novos negócios. Portanto, a realidade brasileira é outra. Nos últimos anos o banco foi utilizado para emprestar recursos para empresas incorporarem outras empresas de mesmo ramo, reduzindo a competitividade e aumentando o oligopólio.

Entendo que, após essas explicações, a futura Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, reduza os gastos correntes do governo, diminuindo a participação do estado na economia de mercado, ou seja, reduzir-se-á a dívida pública, cujo efeito refletirá na diminuição da taxa de juros, elevando a oferta monetária, gerando poupança para elevar o nível de investimento privado no país, aumentando a oferta de bens, reduzindo os preços devido à competitividade, avançando no progresso do bem-estar social e, por fim, com uma taxa de juros menor o câmbio se normalizará de acordo com a taxa internacional de juros do mercado, diminuindo a especulação nos títulos de renda fixa, por exemplo.

Este, portanto, é o dever de casa que o futuro governo deve realizar. Ampliar o nível de investimento privado, reduzir burocracia, estimular novos negócios com vista ao aumento da oferta, reduzindo então os preços, partindo assim para um estado próspero de uma economia pujante e os agentes logrando os verdadeiros benefícios sociais.

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