segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma nova variável exógena ao modelo de desenvolvimento

A Ciência Econômica é instigante por natureza. Seus amplos modelos de desenvolvimento proferidos por grandes cientistas como Robert E. Lucas, Milton Friedman, John Maynard Keynes, David Ricardo, Adam Smith, Paul Krugman, John Nash (matemático), Paul Douglas e Charles Cobb (estes últimos eram engenheiros e contribuíram para pesquisas em microeconômicas produtivas), dentre outros grandes nomes da literatura econômica que fizeram ou fazem parte dos estudos dessa maravilhosa ciência se esqueceram de mensurar uma variável nova que só o Brasil conhece e que revelarei a vocês.

Na conjuntura econômica, um bom economista pode recorrer à conta de produção e encontrará, em sua forma geral, a geração da riqueza (variável endógena) na economia, conhecida popularmente como produto, uma identidade com a somatória das variáveis exógenas: consumo (das famílias, governo e empresas), investimento – Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) mais Variação de Estoque (VE), gastos governamentais e saldo de transações correntes do país (conta do comércio exterior). Ou seja, o equilíbrio entre demanda e oferta dessa economia. Sendo a demanda a obrigação da oferta, contabilmente revelada pela demanda no lado direito do lançamento contábil como crédito e a oferta no lado esquerdo como débito dessa conta.

Saindo um pouco desse papo economês, pois não quero inventar a roda, instigo os macroeconomistas de plantão a pensarem em uma nova variável exógena que influencia o debate de uma economia forte e pujante que demanda a sociedade brasileira nos próximos quatro anos: o nível de religiosidade do povo brasileiro.

Os economistas recorrem aos cálculos marginais para encontrar a produção ótima que minimiza custos e aumenta o lucro. Essa lógica revela as estratégias das empresas para se desenvolverem e crescerem economicamente. Por exemplo, uma unidade a mais na linha de produção influenciará no nível de custos e lucratividade da empresa.

Os presidenciáveis José Serra e Dilma Rousseff são economistas que pisam em ovos em temas relacionados ao cristianismo ou voltados a religião, como o aborto. A questão para isso é: cada unidade a mais de religiosidade no Brasil, será que os votos direcionados aos candidatos têm retornos de escala? É isso que eles pensam em frações de segundos quando respondem temas dessa natureza. Será se renderá votos ou não?

Estamos com necessidades urgentes a serem executadas nos próximos quatro anos que guiarão o norte do novo estado brasileiro que receberá os dois principais eventos mundiais: as olimpíadas e a copa do mundo. Precisamos de pressa para avançar em projetos de infraestrutura, desenvolvimento econômico, geração de empregos de formação continuada, nível educacional de resultados em escala e saúde como propulsora de bem-estar social. Mas, a agenda dos candidatos à presidência está demasiadamente recheada de temas como o aborto e a dimensão da vida e o quanto a religião influência o brasileiro.

Antes de qualquer comentário sobre se sou a favor ou contra o aborto, deixo claro minha posição: sou totalmente contra. O que pretendo com este artigo é buscar o verdadeiro debate que os candidatos devem ter para assumir um país da grandeza como o Brasil em projetos que elevem o nível de competitividade das empresas, com abertura comercial, avance em políticas públicas que externalize positivamente o ambiente de negócios que fomentam a economia como um todo e que desate o nós que impedem a melhora eficiente das instituições públicas. O tema do aborto pode ser debatido como outros temas que necessitam de atenção, mas não tão especial como ele está sendo tratado. Somos um estado laico e o direito constitucional tem que ser valorizado.

Voltando a religião e seus cálculos marginais, como os candidatos encaram este tema sem que a curva seja decrescente e lhe renda perca de votos? Eu não sei dizer. Nos livros textos de economia essa variável exógena não fazia parte do contexto e não sei como o modelo responderá se essa variável persistir na agenda dos dois candidatos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Serjão,

Digamos que vc tem uma filha e ela tem 13 anos. Após um assalto a mesma foi estuprada e ficou grávida. O que vc faria?

Marcos

Unknown disse...

Marcão,

Bom questionamento. Eu terei uma filha em breve. Minha esposa está grávida de cinco meses e essa questão levantada por ti toca profundamente o coração.
Sei que é um problema latente. Mas não podemos usar a religião para infringir nos problemas de estado. Ter espiritualidade e religião é importante para equilibrar a sociedade e constituir um ambiente de paz!
Não sei lhe responder com precisão sobre isso, pois não quero imaginar o que pode ocorrer com minha filha nesse momento.
Minha filha é muito inocente e ainda está sendo constituída. Então, acho difícil eu responder esta questão com a propriedade que você gostaria que eu respondesse.
O seu questionamento foi bom e se torna tema de um grande debate.

Forte abraço e obrigado pelo comentário.
Sérgio Ricardo